Integrante da base do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) surpreendeu ontem ao se posicionar contra o pacote de contenção de gastos proposto pelo governador. Leprevost atacou duramente o novo secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa – autor das medidas – afirmando que por não ser do Paraná, ele não teria compromisso com o Estado. Ele pode vir, gerar desgaste, mas daqui há um ano não estará mais aqui. Nós estaremos, referindo-se ao fato de Costa ter sido importado por Richa da Secretaria de Finanças da prefeitura de Salvador com a missão de tomar medidas amargas para equilibrar as contas do Estado.
De Sidônio a Tia Rose
Os discursos dos deputados na tribuna da Assembleia, durante a sessão de ontem, foram pontuados pelas mais diversas citações. Leprevost, por exemplo, apelou para o poeta Sidônio Muralha, não por acaso sempre citado pelo ex-governador e hoje senador Roberto Requião (PMDB), e autor dos versos: Parar. Parar não paro. Esquecer. Esquecer não esqueço. Se caráter custa caro pago o preço.. O deputado do PSD também citou uma antiga professora, Tia Rose, para justificar o voto contra o pacote que mexe com direitos dos servidores.
Legião e Drummond
Já o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), recorreu ao ex-líder da banda Legião Urbana, o compositor Renato Russo, para perguntar: que estado é esse. O deputado Tercírio Turini (PPS), por sua vez, citou o poeta Carlos Drummond de Andrade e o verso: E agora José ? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?.
Estreia difícil
Chamou a atenção também o discurso do novato deputado de primeiro mandato Márcio Pacheco (PPL), que disse que após o que viveu nos últimos anos como presidente da Câmara de Vereadores de Cascavel, chegou à Assembleia Legislativa com a pretensão não de ser oposição, nem de situação. Queria ficar dois meses sossegado. Não queria confusão. Mas logo de cara veio um projeto desses que é um dos mais polêmicos da história do Paraná, confessou.
Cárcere privado
Parlamentares governistas viveram momentos de tensão após a invasão do plenário. Surpreendidos, alguns ficaram isolados na sala de reuniões atrás da Mesa Executiva, com manifestantes golpeando a porta. Outros ficaram presos no banheiro e tiveram que apelar para familiares do governo para pedir escolta da polícia.