A animosidade entre um juiz e uma promotora de Suzano, na RegiĂ£o Metropolitana de SĂ£o Paulo, foi parar na Justiça. Depois de uma sĂ©rie de desentendimentos, inclusive em audiĂªncias, o magistrado Orlando Gonçalves de Castro Neto, titular da 1.ª Vara Criminal da cidade, deu entrada em uma aĂ§Ă£o por danos morais. Ele pede R$ 50 mil de indenizaĂ§Ă£o.
O juiz assumiu a 1.ª Vara Criminal em maio do ano passado. Desde entĂ£o, tomou uma sĂ©rie de decisões que desagradaram a promotora de Justiça Fernanda Aliperti Coelho Prado Neubern. De perfil legalista, o magistrado revogou prisões e rejeitou denĂºncias oferecidas por Fernanda, o que deteriorou a relaĂ§Ă£o entre eles.
Em seus recursos, a promotora passou a criticar abertamente o juiz. Disse que, ao rejeitar as denĂºncias, ele buscava pressionar o MinistĂ©rio PĂºblico a fechar acordos com rĂ©us, “talvez para que nĂ£o tenha que realizar o Ă¡rduo trabalho de instruir uma aĂ§Ă£o penal”. TambĂ©m chamou seus argumentos de “absurdos”.
Fernanda entrou com uma reclamaĂ§Ă£o disciplinar na Corregedoria do Tribunal de Justiça de SĂ£o Paulo. Foi a gota d’Ă¡gua para o juiz, que decidiu processar a promotora. A reportagem pediu manifestaĂ§Ă£o de Fernanda.
“A intenĂ§Ă£o, de fato, foi de fazer instaurar procedimento disciplinar em face do autor para apurar situações nĂ£o condizentes com a realidade e discursivamente manipuladas pela rĂ© Fernanda Aliperti apenas para prejudicar a reputaĂ§Ă£o do magistrado”, alega o juiz no processo.
Neto afirma que foi vĂtima de “ironias, excesso de linguagem, provocações, falas deselegantes e ofensas”. TambĂ©m diz que, ao dar entrada na reclamaĂ§Ă£o disciplinar, a promotora imputou a ele os crimes de desobediĂªncia e prevaricaĂ§Ă£o.
Uma audiĂªncia de conciliaĂ§Ă£o foi marcada para junho.