
O presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva aproveitou encontro com reitores no PalĂ¡cio do Planalto nesta quinta-feira, 19, para responsabilizar integrantes da operaĂ§Ă£o Lava Jato pela morte do entĂ£o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Luis Carlos Cancellier Olivo, que se matou em 2017. Para Lula, o acadĂªmico foi alvo da atuaĂ§Ă£o de uma equipe que buscava punir antes de investigar.
“Faz cinco anos e quatro meses de uma aberraĂ§Ă£o que aconteceu neste paĂs: a morte do reitor Luis Carlos Cancellier. Faz cinco anos que esse homem se matou pela pressĂ£o de uma polĂcia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas que condenaram antes de investigar e julgar. A gente nĂ£o pode nem fazer um ato em homenagem a ele porque durante muito tempo deixou de ter reuniĂ£o de reitores”, disse o presidente.
No discurso, Lula disse que seu governo vai recuperar as ideias de Cancellier para educaĂ§Ă£o. “Haveremos de recuperar suas ideias e trabalhar para que nunca mais aconteça o que aconteceu com aquele reitor em Santa Catarina”, disse Lula.
Cancellier foi alvo da operaĂ§Ă£o Ouvidos Moucos, um desdobramento da Lava Jato em Santa Catarina. Na Ă©poca, a delegada Erika Marena era responsĂ¡vel pela investigaĂ§Ă£o. No dia em que deflagrou a aĂ§Ă£o que resultou na prisĂ£o do reitor, a PF chegou a anunciar que investigava desvios de R$ 80 milhões na instituiĂ§Ă£o. Mais tarde a prĂ³pria delegada esclareceu que esse valor se referia apenas ao total de repasses do governo federal a um programa da UFSC no perĂodo de 10 anos. Marena tinha sido coordenadora da Lava Jato, em Curitiba, e depois passou a coordenar a Ouvidos Moucos, em FlorianĂ³polis.
Os investigadores acusavam o reitor de tentar interferir nas investigações, alegaĂ§Ă£o que nĂ£o acabou sendo comprovada. Cancellier foi afastado do cargo na Ă©poca e declarou numa entrevista apĂ³s ser libertado: “Esse afastamento Ă© um exĂlio. Eu moro a trĂªs metros da universidade. Eu saio de casa e tĂ´ dentro da universidade. Eu nĂ£o posso entrar na ‘casa’ que eu convivo desde 1977, que eu conheço cada pedrinha daquela instituiĂ§Ă£o”.
Ele foi encontrado morto no dia 2 de outubro de 2017 num shopping na capital de Santa Catarina. No bolso levava um bilhete: “Eu decretei a minha morte no dia da minha prisĂ£o pela PolĂcia Federal”, escreveu no papel, segundo a polĂcia.