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Lula fala em ‘rusgas’, mas elogia Congresso após vetar mudança na Ficha Limpa

Raquel Lopes, Folhapress
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Lula. Foto. Ricardo Stuckert / PR

Em cerimônia nesta terça-feira (30), no Palácio do Planalto, o presidente Lula (PT) elogiou o trabalho do Congresso, ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB).


“Eu duvido que em algum lugar do mundo, um Congresso votou tantos projetos num só tempo, e um presidente ter assinado, sabe, cinco projetos em meia hora”, afirmou Lula. “Às vezes a gente tem rusgas, às vezes tem divergências, mas, na essência, o Congresso aprovou tudo o que precisávamos que fosse votado”, disse. Motta, por sua vez, afirmou que o Legislativo “é amigo do povo”.

Feita durante a sanção de cinco projetos de lei no Palácio do Planalto, a declaração ocorre um dia depois de o presidente da República, em derrota do Congresso, vetar parcialmente projeto que flexibilizava as regras da lei da Ficha Limpa. Ocorre também dias após Lula ter classificado a PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara, de um “equívoco histórico” e uma “vergonha nacional”.

Lula agradece Gleisi


Na ocasião, Lula agradeceu Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, que tem trabalhado na relação entre os poderes. O presidente aproveitou a oportunidade para dizer que todas as pautas relevantes para o governo foram aprovadas pelo Congresso.


A declaração foi feita durante a sanção de cinco projetos de lei, entre eles o Plano Safra e a Lei sobre o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
O presidente esteve ao lado de Hugo Motta, Gleisi Hoffmann, além de Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Osmar Júnior, ministro substituto do Ministério do Desenvolvimento Social.
Lula disse ainda que poucas vezes na história o governo teve uma relação tão exitosa com a Câmara e o Senado como vem acontecendo. “Às vezes a gente tem rusgas, às vezes tem divergências, mas, na essência, o Congresso aprovou tudo o que precisávamos que fosse votado”, disse.
Na ocasião, Hugo Motta disse que o Congresso ao votar as pautas de combate às desigualdades, mesmo em meio a tantas divergências que são à base da democracia, demonstra o quanto o Congresso tem sido “amigo do povo”.
“E em apenas algum alguns dias a casa aprovou todas as cinco matérias assinaladas, dando prova de sua disposição a ouvir a sociedade civil e de seu compromisso com a formulação de políticas que trazem benefício concreto à vida de quem mais precisa”, disse.
O presidente Lula (PT) também almoçou nesta terça-feira (30) com os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).


As declarações e o encontro acontecem um dia após Lula vetar parcialmente projeto que flexibilizava as regras da lei da Ficha Limpa. O veto representou uma derrota para o Congresso, que aprovou a pauta impopular com mudanças nos prazos de inelegibilidade de políticos condenados.


Neste mês, o presidente Lula (PT) também afirmou que a PEC da Blindagem, que chegou a ser aprovada na Câmara, foi um “equívoco histórico” e uma “vergonha nacional”. A proposta tentava restringir processos contra parlamentares, foi arquivada pelo Senado após ser alvo de manifestações de rua.
Em julho, o PT publicou vídeos em suas redes sociais em enfrentamento ao Congresso numa campanha de ricos contra pobres. Na ocasião, o executivo defendia o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem tem renda de até R$ 5.000 e de tributação dos super-ricos.


Lideranças do PT chegaram a fazer um encontro virtual com influenciadores para discutir estratégias de disseminação de conteúdo em defesa do projeto de isenção do Imposto de Renda.


O encontro coincidiu, inclusive, com o momento em que o governo petista decidiu intensificar o discurso, após a derrubada do decreto sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras pelo Congresso).
O governo Lula (PT) depende do Congresso para aumentar a arrecadação em R$ 40,63 bilhões em 2026 e evitar cortes de investimentos em pleno ano eleitoral, mas as propostas enviadas com esse objetivo enfrentam dificuldades no Legislativo, com críticas ao aumento da carga tributária e afastamento de partidos da base aliada, como União Brasil e PP.