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Manifestações: governistas veem reação contra Congresso e oposição minimiza

Folhapress
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Foto: Luís Pedruco

Autoridades ligadas à esquerda e ao governo federal enalteceram as manifestações em 22 capitais contrárias à PEC da Blindagem e ao plano de anistia aos condenados por atos golpistas e consideraram os protestos como um fator de pressão sobre o Congresso Nacional.

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Na tarde deste domingo (21), a ministra Gleisi Hoffmann, articuladora política do governo Lula (PT), afirmou em uma rede social que o presidente desembarcou em Nova York, para a Assembleia Geral da ONU, “acompanhado do povo brasileiro, que foi às ruas falar alto contra a anistia aos golpistas, contra a impunidade, mostrando o vigor da nossa democracia”.

“Aqui a ameaça não se cria! O Brasil não vai voltar atrás na punição aos que atacaram a democracia! O Brasil é do povo brasileiro”, afirmou Gleisi.


O presidente nacional do PT, Edinho Silva, divulgou nota afirmando que “a política tem de traduzir o que de fato incomoda a população” e que o Legislativo deve pautar propostas como aquela que amplia a faixa de isenção de imposto de renda, além da redução da jornada de trabalho.
“Ou as lideranças políticas entendem isso, ou a pauta do Congresso —anistia para golpistas e assassinos, prerrogativas, etc.— será o fermento de mobilizações que só estão começando”, afirmou Edinho.

Manifestações: “Engana povo”, diz Flávio Bolsonaro

Lideranças bolsonaristas, porém, tentam minimizar a força dos protestos. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou publicação em que o pastor Silas Malafaia afirma que a esquerda “engana o povo”.
Os atos, realizados em todas as regiões do país, aconteceram logo de manhã em Brasília, Salvador, Maceió, Natal, São Luís, Teresina, João Pessoa, Belo Horizonte, Cuiabá, Campo Grande, Manaus e Belém, e ganharam tração à tarde com as manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza, Recife, Aracaju e Goiânia. Os manifestantes fizeram críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A presença de artistas impulsionou manifestações em alguns locais.

O ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, afirmou que o Brasil voltou a mostrar ao mundo “a força de sua democracia”. “As ruas de várias grandes cidades se encheram em defesa soberana de nossas conquistas democráticas”, afirmou.


Nas redes sociais, Fabio Wajngarten, que foi secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, fez uma publicação ironizando os protestos na avenida Paulista, mas também criticou a “junção das pautas” da PEC da Blindagem e da anistia. Ele disse que quem promoveu a articulação conjunta das propostas “merece todos os prêmios de marketing às avessas”.


Wajngarten afirmou que a PEC “atende a um pequeno grupo, não é bem percebida pela população e ainda serve de veículo para a esquerda avançar com um discurso que nem de perto orna com eles”.
A manifestação foi chamada às pressas por grupos de esquerda após a Câmara aprovar a PEC da Blindagem, no último dia 16, e a urgência para o projeto da anistia, na data seguinte.


O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o “povo mostra sua força e não aceita retrocessos”. “Uma multidão tomou as ruas em defesa da democracia, contra a anistia e contra a PEC da Blindagem”, afirmou Guimarães.


Líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também comentou nas redes sociais os atos promovidos pela esquerda neste domingo.


“Brasil inteiro nas ruas. Em Brasília, um mar de gente ocupa a Esplanada. É sem anistia, sem PEC da Blindagem. Vamos para cima!”, afirmou Lindbergh, que lidera uma bancada que deu 12 votos para aprovar a PEC da Blindagem.


O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso Nacional, se referiu ao domingo como um dia de luta “no Amapá e em todo o Brasil” contra a PEC da Blindagem. “É hora de mostrar a força do nosso povo, que não tolera golpe tão pouco golpistas”, afirmou Randolfe, em uma rede social.
As atenções se voltam para o Senado nesta semana. À Folha de S.Paulo, o relator da PEC da Blindagem, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), disse que a proposta joga imagem do Legislativo no lixo e que será derrubada na Casa. Vieira apresentará o seu parecer contrário à medida na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na quarta-feira (24).


A PEC, que restringe operações policiais e inquéritos contra congressistas, foi aprovada a toque de caixa pela Câmara na semana passada e teve uma repercussão muito ruim nas redes sociais, levando parlamentares a pedirem desculpas pelos seus votos a favor da proposta.