Ministro acena liberação de verbas no momento de maior estrangulamento das universidades federais

UFPR já havia anunciado risco de paralisia por falta de dinheiro. "A partir do final do mês (de agosto) teremos bastante dificuldade", chegou a anunciar pró-reitor da instituição

Redação Bem Paraná

Franklin de Freitas

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse ontem (16 de agosto) que o cenário atual indica a possibilidade de os recursos contingenciados das universidades serem desbloqueados a partir de setembro. Se confirmada, a liberação das verbas acontecerá no momento de maior estrangulamento das instituições públicas de ensino superior e ensino técnico, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Instituto Fderal do Paraná (IFPR).

Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná no último dia 6, Fernando Mezzadri, pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPR, revelou que se as verbas previstas no início do ano não forem liberadas logo, a instituição correria risco de paralisar por falta de dinheiro. Os problemas, ainda segundo Mezzadri, começariam a ser sentidos a partir de setembro.

“Sofremos um corte de 30%, um corte de um pouco mais de R$ 48 milhões no nosso orçamento. Começamos as atividades agora, as aulas, mas não temos condição de finalizar o semestre. Começamos as aulas porque as contas estão em dia hoje, mas há dois meses o governo tem passado menos recurso para nós. A partir de agora, com esse repasse menor em julho e agosto, a partir do final do mês já teremos dificuldades orçamentárias para enfrentar o restante do ano”, declarou o pró-reitor na ocasião. ““Se o governo não retomar o recurso, teremos de parar todas as atividades. Não tem como manter.”

Ontem, porém, chegaram as boas notícias. Se até então não havia uma previsão para o descontigenciamento, agora o Ministério da Educação (MEC) começa a adotar outra postura, apontando para uma melhoria do cenário econômico ou ao menos das perspectivas econômicas, o que permitiria a liberação dos recursos para as instituições de ensino.

“Desde o primeiro momento a gente falou que contingenciamento não era corte, que a gente ia administrar uma crise herdada por governos passado na boca do caixa e que a previsão era que, caso passasse a reforma da Previdência, provavelmente já em setembro a gente teria um descontingenciamento. Simplesmente eu tô mantendo tudo o que eu estou falando há 120 dias”, disse ontem Weintraub.

Anteriormente, porém, a própria UFPR comentou ter buscado junto ao ministério uma previsão sobre o descontingenciamento. “Alegam que é questão orçamentaria, que isso é com o Ministério da Economia. Não dão previsão nenhuma”, reclamou há menos de duas semanas Mezzadri.

Contingenciamento

Em março, o governo anunciou contingenciamento no orçamento das universidades e institutos federais de educação no montante de R$ 2 bilhões da verba prevista, o equivalente a 29,74% do total do orçamento anual. Segundo o ministro, o bloqueio da verba foi necessário devido à redução na previsão de crescimento do país este ano. O Orçamento elaborado no ano passado previa um crescimento de 2,5% no ano, o que já foi descartado pelo governo. Além disso, com o recuo da atividade econômica no primeiro semestre, houve uma redução na arrecadação.

Instituições de ensino ‘apertaram os cintos’ para sobreviver

O contingenciamento de verbas feito pelo MEC implicou, apenas para a UFPR, numa redução de gastos na ordem de R$ 48.357.000,64 no orçamento para 2019.A UTFPR, por sua vez, teria R$ 43,8 milhões a menos para pagamento de despesas e a realização de investimentos.

“Para contornar este cenário, a Universidade realiza a revisão dos contratos terceirizados, com possíveis ajustes nos postos de trabalho. Continuamente, tem-se desenvolvido ações em conjunto com os câmpus, visando otimização orçamentária como, por exemplo, a readequação do subsídio que custeia as refeições nos 14 Restaurantes Universitários dos 13 câmpus, o que implicará em aumento de R$ 1,00 por refeição. Assim, a partir do início do segundo semestre de 2019, 8 de agosto, as refeições aos estudantes passarão para o valor de R$ 4,50”, informou a UTFPR por meio de nota.

Além das universidades federais (UFPR e UTFPR), o contingenciamento de gastos do MEC também afetou o Instituto Federal do Paraná (IFPR), que teve R$ 20.895.166,00 bloqueados. Para minimizar os impactos da medida, a instituição informa que ajustes foram realizados internamente, tais como o enxugamento de custos de funcionamento e realocação de recursos entre campi ou destinações específicas.

“Nesse sentido, por exemplo, eventos institucionais como os Jogos Internos do IFPR e o Seminário de Extensão, Ensino, Pesquisa e Inovação – SEPIN, em que estudantes e orientadores apresentam os projetos desenvolvidos nas 25 unidades do Instituto Federal no Paraná, estão suspensos enquanto não houver nova liberação de recursos”, informou o IFPR por meio de nota, ressaltando ainda que as obras nos campi do IFPR estão sendo mantidas, tendo em vista a liberação dos recursos destinados para a continuidade das obras, assim como das emendas parlamentares específicas para essa finalidade.