O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou nesta quinta-feira, 6, um novo pedido da defesa do general Walter Braga Netto por mais prazo para apresentar defesa prĂ©via na denĂºncia contra ele apresentada pela Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR) por tentativa de golpe de Estado. O prazo termina nesta sexta-feira, 7.
Relator da aĂ§Ă£o na Corte, Moraes jĂ¡ havia negado o pedido anterior, e a defesa do militar recorreu na quarta-feira, 5. Na nova solicitaĂ§Ă£o, a defesa de Braga Netto solicitou nova anĂ¡lise ou, entĂ£o, que um novo prazo seja julgado pela Primeira Turma do Supremo.
O general Braga Netto Ă© um dos 34 denunciados pelo planejamento e tentativa de execuĂ§Ă£o de um golpe de Estado, lista que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles sĂ£o acusados de crimes como aboliĂ§Ă£o violenta do Estado DemocrĂ¡tico de Direito; organizaĂ§Ă£o criminosa armada e dano qualificado pela violĂªncia e grave ameaça contra o patrimĂ´nio da UniĂ£o.
Como se trata da defesa prĂ©via, a apresentaĂ§Ă£o nessa etapa do processo, em que a denĂºncia ainda nĂ£o foi aceita, nĂ£o Ă© obrigatĂ³ria. Ela funciona como uma tentativa de influenciar o STF a nĂ£o aceitar a denĂºncia da PGR. Caso os advogados do ex-ministro da Defesa nĂ£o se manifestem dentro do prazo, ele fica sem defesa nessa etapa do processo.
Os advogados de Braga Netto, JosĂ© Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua, pediam o dobro dos 15 dias concedidos pelo STF. Entre os argumentos, a ausĂªncia de tempo para examinar o grande volume de provas e documentos que serviram de base para a denĂºncia.
Eles tambĂ©m alegavam que Braga Netto teria o direito de apresentar sua defesa depois do tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delaĂ§Ă£o premiada.
“O agravo regimental nĂ£o terĂ¡ efeito suspensivo, de modo que o prazo para a Defesa de Walter Braga Netto apresentar a resposta, nos termos do art. 4º da Lei 8.038/90, se encerrarĂ¡ amanhĂ£, no dia 7/3/2025, Ă s 23h59min”, escreveu Moraes.
Ao negar a extensĂ£o de prazo no pedido anterior, Moraes entendeu nĂ£o haver previsĂ£o legal para manifestaĂ§Ă£o apĂ³s o delator. A garantia dada pelo artigo 4 da Lei de ColaboraĂ§Ă£o Premiada, que embasa o pedido, se aplicaria somente apĂ³s a aceitaĂ§Ă£o ou nĂ£o da denĂºncia, quando seria aberta uma aĂ§Ă£o penal.
A defesa do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022 diz nĂ£o ter acesso integral Ă s provas, inclusive a processos indicados pela PGR na denĂºncia e que ainda nĂ£o teriam sido disponibilizados. Segundo a AgĂªncia Brasil, eles disseram que o material recebido teria mais de mil arquivos a menos que o entregue a outra defesa.
O ministro Alexandre de Moraes negou que haja impedimento no acesso integral Ă s provas e afirmou que a defesa “parece nĂ£o ter consultado os autos”.
O EstadĂ£o entrou em contato com a defesa do general Braga Netto, mas nĂ£o havia obtido retorno atĂ© a publicaĂ§Ă£o deste texto.