MP apontou 17 financiadores (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP/PR) encaminhou ao Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, do Ministério Público Federal, informações sobre 71 pessoas com origem no Paraná que são suspeitas da participação em atos golpistas e antidemocráticos. Ao todo, o órgão afirma ter recebido por e-mail, telefone e pelo site, 140 denúncias relativas a possíveis participações nesses atos. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados porque as investigações correm sob segredo de Justiça.
Como algumas denúncias foram repetidas e ainda que houve mais de uma denúncia sobre algumas pessoas, foram analisadas 108 situações individualizadas. Destas, 37 não tinham consistência suficiente, restando as 71 pessoas com indícios de atuação ilegal, afirma o MP.
Entre os casos encaminhados a Brasília, 24 foram de possíveis participantes ou executores de atos ilegais – especialmente as ações de vandalismo ocorridas em 8 de janeiro, quando foram invadidas e depredadas as sedes dos Três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. Também foram apontados 17 de supostos financiadores, 29 que teriam instigado ou incitado essas ilegalidades e uma autoridade do estado do Rio de Janeiro que teria se omitido de suas funções durante as ações ilícitas.
Os dados repassados pelo MP paranaense devem engrossar o trabalho do grupo criado criado no último dia 11 para coordenar as ações e o trabalho de investigação dos crimes tanto junto ao STF quanto a MPF. O grupo é coordenado pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
Desde então, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 98 pessoas crimes ligadas à ofensiva bolsonarista do dia 8. Primeiro, foram denunciados 39 pessoas envolvidas na invasão e depredação de parte das dependências do Senado. Depois, a PGR acusou cinco radicais que arrasaram o Plenário do Supremo Tribunal Federal.
Na segunda-feira, foram denunciados 54 presos no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. A Procuradoria atribui aos acusados delitos de incitação ao crime equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais e associação criminosa.
Por enquanto, os 54 acusados também estão presos preventivamente – ou seja, não tem data para deixar a prisão. Após a realização de mais de 1,4 mil audiências de custódia de pessoas detidas em flagrante por crimes ligados aos atos golpistas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impôs regime preventivo a 942 radicais. Outros 464 investigados obtiveram liberdade provisória, mas terão de seguir uma série de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica.