
Uma mulher foi presa em flagrante na Câmara Municipal de Curitiba na tarde de ontem após cometer injúria racial contra um funcionário terceirizado da Casa. A ocorrência foi reportada à Polícia Civil para averiguação e possível enquadramento como racismo. A vítima, um funcionário terceirizado da Casa, foi registrar o boletim de ocorrência acompanhada de um procurador jurídico da Câmara, que é membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR). Anoema Lopes Sant’Anna, 69 anos, foi encaminhada pela Guarda Municipal para a Central de Flagrantes, prestou depoimento e foi liberada. Segundo a assessoria, a Polícia Civil já investiga o caso.
Às 13h35, a mulher procurou a recepção da Câmara, dizendo que participaria de uma audiência pública agendada para a tarde de ontem. Ao perguntar sobre onde seria realizada, o funcionário terceirizado da Câmara, membro da equipe de vigilância patrimonial, indicou a direção do plenário e, após a visitante pedir a ele um copo d’água, ao que foi gentilmente atendida, ela se reportou ao fato do funcionário ser negro e começou a fazer vários comentários preconceituosos, de cunho racial, em sequência, só parando com a chegada de outra visitante que ia para a mesma audiência. “Ainda bem que tem um preto aqui (para me servir)”, “Por isso que eu não gosto de feijão preto”, entre outras frases preconceituosas impublicáveis foram ditas pela mulher, de acordo com testemunhas.
“O funcionário então procurou a Diretoria de Segurança da CMC, reportou o ocorrido e a Guarda Municipal de Curitiba foi acionada para conduzi-la às autoridades policiais. Isto se deu por volta das 15h30, quando a visitante foi retirada da audiência pública para a lavratura do flagrante”, afirma nota da Câmara, encaminhada à imprensa. A Câmara afirma ainda que o funcionário receberá apoio institucional da Casa durante todo o desenvolvimento do caso: ” A Câmara reafirma que repudia o racismo ou qualquer outro tipo de discriminação em todas as suas formas”.
Em entrevista à RPC, Anoema disse que foi uma brincadeira: “Eu sempre brinco com as pessoas desta forma. Mas ele não entendeu direito. Peço desculpas”.
Repercussão
O Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, em nota, informou que a suspeita atuava como conselheira voluntária da regional do Distrito Sanitário Pinheirinho, porém foi afastada a pedido há cerca de duas semanas e que ela não representa o órgão. “O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Curitiba esclarece que não compactua com nenhum ato de injúria racial e repudia qualquer atitude deste perfil”, afirma a nota.