Um boato espalhado pelo site do jornal Hora H News – ligado à campanha do governador licenciado e candidato à reeleição, Roberto Requião (PMDB) – levou ontem o candidato de oposição ao governo, senador Osmar Dias (PDT) a acusar Requião de tentar armar uma nova fraude eleitoral para tentar desestabilizá-lo na reta final da campanha. A história surgiu depois que o site do jornal divulgou – sem citar qualquer fonte oficial – uma suposta prisão pela Polícia Federal no hotel Siena, em Curitiba, de um homem identificado como José Carlos Oliveira, com uma mala de dinheiro e uma arma. A notícia foi logo desmentida pela PF e pela Justiça Eleitoral, que proibiu em seguida a sua veiculação, já que o Hora H tentava relacionar a suposta prisão à campanha de Osmar.
De concreto, foi confirmado apenas que por conta de uma denúncia de origem não identificada, a PF fez uma operação de busca e apreensão no hotel por determinação do juiz Rogério Ribas, da 177ª Zona Eleitoral. Na operação foi apreendida – segundo a PF – dinheiro em valor não especificado e uma arma. Mas ao contrário do que divulgou o site requianista, ninguém foi preso, nem foi encontrado qualquer material que relacionasse o episódio à candidatura de oposição. Para evitar a exploração do caso na propaganda eleitoral, a Justiça determinou que as investigações corram em sigilo.
No final da tarde, Osmar deu entrevista coletiva denunciando a tentativa de armação contra ele através de uma fraude eleitoral. “A notícia foi divulgada por um site – o Hora H News – que conhecidamente trabalha na campanha do nosso adversário. Aliás, o jornal recebeu muito bem para isso”, afirmou, referindo-se às verbas de publicidade repassadas pelo atual governo para o jornal.
O advogado da coligação que representa a candidatura de Osmar, Acir Breda, informou que o procurador eleitoral, Neviton Guedes, ao chegar ao hotel acompanhando a operação, teria constatado que tudo “não passava de uma farsa”. Segundo o procurador, nenhum material de propaganda de Osmar foi encontrado ou apreendido. “O Hora H publicou uma notícia rigorosamente falsa, de que um cabo eleitoral da campanha havia sido preso com material de propaganda e bolos de dinheiro”, disse Breda.
Nome — Segundo as informações, o homem que se identificou como José Carlos de Oliveira teria se registrado no hotel no domingo, e saído ontem pela manhã, pedindo que ninguém entrasse no quarto. A partir de uma denúncia provalmente anônima, a PF, junto com o procurador eleitoral foi até o local. “Existem indícios de que o nome José Carlos Oliveira foi usado criminosamente”, afirmou o advogado, dizendo confiar que a Justiça Eleitoral identifique os responsáveis pela fraude.
Osmar garantiu que a coligação não tem nenhum funcionário com esse nome, muito menos recursos de “caixa dois”, como chegou a publicar o jornal governista. “Não existe nenhuma possibilidade de alguém da nossa campanha andar com dinheiro de caixa dois. Trata-se de uma fraude grosseiramente montada. Lamento que a população tenha que passar por esse constrangimento”,disse.
Vacina — O candidato de oposição afirmou não acreditar que esse episódio possa afetar sua candidatura. “A população do Paraná já está vacinada. Já tivemos esse tipo de comportamento do adversário em outras campanhas”, lembrou, referindo-se ao famoso caso do falso pistoleiro “Ferreirinha”, utilizado por Requião na campanha de 1990 contra o então candidato ao governo do PRN e líder das pesquisas, José Carlos Martinez, morto em 2003 em um acidente aéreo.
Osmar acusou ainda o próprio Requião de espalhar a história em entrevistas à rádios da Capital durante o dia de ontem. “Não aceito que o candidato a reeleição tenha estado nas rádios para corroborar essa fraude”. Mesmo assim, ele não quis acusar o governador de estar por trás do episódio. “Não vou ser leviano como ele (Requião). Existe uma fraude, e isso tem que ser investigado”, disse.
ABCR vai à Justiça, Requião nega relação
Nas notas divulgadas pelo Hora H News ontem, o site afirmava ainda – sem qualquer fonte oficial, – que o homem supostamente preso, José Carlos Oliveira, seria ligado às concessionárias do pedágio. A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), divulgou nota no final da tarde nota na qual afirma não participar de campanhas eleitorais nem apoiar qualquer candidato. Ainda segundo a nota, o vice-presidente da ABCR, de nome José Carlos Ferreira de Oliveira Filho – que teria sido “vítima de ilações feitas” pelo site requianista, encontra-se em São Paulo há dois dias em reunião do conselho internacional do grupo que comanda. “Antes disso, no sábado e domingo, o diretor da entidade encontrava-se no interior de São Paulo, mais especificamente em Ribeirão Preto”, diz a nota. Segundo a ABCR, informado das acusações, Oliveira Dias disse que vai recorrer à Justiça contra os responsáveis. “É inaceitável a sórdida tentativa de envolvimento da ABCR com atividades político-eleitorais. As nossas responsabilidades enquanto prestadores de serviço público têm sido cumpridas à risca, como atestam os nossos usuários, os meios de comunicação sérios do Paraná e todas as instâncias da Justiça”, declarou o diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto.
No início da noite, também em nota divulgada à imprensa, o governador licenciado e candidato à reeleição Roberto Requião afirmou que Osmar teria tentado envolvê-lo, em “uma investigação, determinada pela Justiça e executada pela Polícia Federal, terminou com a apreensão de dinheiro em um hotel de Curitiba”. “Ao contrário dele (Osmar), que pediu que as investigações corressem em segredo de Justiça, quero a máxima transparência e rapidez no inquérito”, alegou.
Candidato de oposição desafia governador
O candidato da coligação Paraná da Verdade ao governo, senador Osmar Dias (PDT) desafiou ontem o governador licenciado e candidato à reeleição, Roberto Requião (PMDB), a comprovar as acusações que tem feito na propaganda eleitoral envolvendo uma fazenda no estado do Tocantins de sua propriedade. Em entrevista à Rede Paranaense de Comunicação, Osmar acusou Requião de mostrar imagens em seu programa eleitoral de uma fazenda que não é dele, e de apresentar uma avaliação superfaturada da propriedade.
“Se Requião quiser comprar minha fazenda pelo que ele está dizendo que ela vale, eu dôo metade do dinheiro para o Hospital do Câncer de Curitiba”, desafiou Osmar. “O Requião ainda mostra na TV uma fazenda que não me pertence e afronta minha condição de agrônomo. Eu nunca ia comprar uma fazenda tão ruim”, ironizou.
Osmar também disse que não há qualquer problema em ele ser proprietário de uma fazenda, comprada com dinheiro honesto. “Não faço como alguns que enviam dinheiro ilegal para o exterior”, alfinetou.
Segundo Osmar, a denúncia que Requião é mais uma das armações sobre a qual ele já havia alertado a população em agosto, quando soube que o governador tentava usar a revista IstoÉ para fazer matéria contra a fazenda. Confirmando a denúncia, a IstoÉ fez matéria contra a fazenda e duas matérias favoráveis a Requião. A Istoé publicou a matéria sobre a fazenda e foi obrigada pela Justiça a publicar direito de resposta de Osmar.
Agora, segundo o candidato de oposição, Requião “usa as mesmas mentiras da Istoé” em seu programa eleitoral. “Primeiro, ao mostrar em seu programa imagens que não são da fazenda de Osmar. Depois, diz que a fazenda tinha hipotecas no valor de 11 milhões. “Uma grande mentira, pois para chegar a esse valor Requião somou hipotecas de diferentes graus – um erro básico de contabilidade-, e também deixou de deduzir hipotecas que foram quitadas”, explicou ontem a assessoria do candidato.
Requião diz ainda que a fazenda foi comprada e revendida no mesmo dia. Segundo a coligação que apóia Osmar, caso a realidade fosse esta, nada de ilegal haveria em se comprar um imóvel e revendê-lo no mesmo dia. “Se olhasse melhor os documentos, Requião teria visto que a fazenda foi vendida a prazo antes de ser vendida a Osmar Dias, por isso quem a vendeu a Osmar teve que quitá-la e registrá-la em seu nome para depois fazer a transferência para o nome de Osmar Dias”, explicou.
Segundo o oposicionista, Requião apresentou uma avaliação superfaturada da fazenda, feita por um corretor do Tocantins. Esta avaliação foi pedida por uma pessoa do Paraná que se apresentou como corretor de imóveis. De acordo com a coligação, quando soube que a avaliação foi pedida para ser utilizada em uma farsa, o corretor do Tocantins fez uma declaração em cartório revelando que lhe foi pedida uma avaliação superior ao valor de mercado.
Assine
e navegue sem anúncios