
A divulgação de que a presidente a Fundação de Ação Social (FAS) teria enviado uma mensagem de áudio às equipes da Guarda Municipal de Curitiba para “provocar medo” em moradores de rua colocou Curitiba como o assunto mais comentado nesta manhã de quinta-feira, 24 de agosto, no microblog X, ex-Twitter.

Em matéria veiculada pelo Bom Dia Paraná, telejornal da RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, nesta manhã, a presidente Maria Alice Erthal, reclama dos moradores de rua nas imediações da Rodoferroviária de Curitiba e pede a ação da Guarda Municipal para “causar medo” em um áudio vazado de um grupo chamada Ação Conjunta Matriz:
“Bom dia, equipe. Eu queria pedir pra vocês passarem na André de Barros, ali perto da antiga rodoviária, que tá cheio de gente dormindo. E aqui na Marechal Deodoro fizeram até uma cortina para não serem incomodados. Então, por favor, ali tem que tirar aquele povo dali.
Se precisarem ir com a Guarda… eu não sei se vocês receberam alguma ordem de não tirar as pessoas, mas tá um absurdo aquilo ali, sabe? Se vocês puderem, não precisa tirar na marra, né? Que vá a Guarda Municipal para eles começarem a ficar com um pouquinho de medo, porque tá difícil, viu?”.
A deputada estadual Carol Dartora (PT) usou a mesma rede social para questionar a postura da dirigente, que classificou como Grave.
“Presidenta da FAS sugere uso da guarda municipal de Curitiba para intimidar pessoas em situação de rua. Segundo áudio vazado a prefeitura está preocupada com o quão “feio” estão as ruas. O que é realmente feio: Prefeitura higienista ou pessoas sem moradia?”, postou.
Procurada para comentar o assunto, a assessoria da FAS encaminhou a seguinte nota:
Abordagem nas ruas André de Barros e Marechal Deodoro, no fim de semana.
A Fundação de Ação Social (FAS) informa que o atendimento à população em situação de rua é uma das prioridades da política da assistência social de Curitiba. Diariamente, são implementados projetos e programas que visam auxiliar esses indivíduos a superar essa condição, com destaque para a abordagem social, na qual educadores sociais interagem com as pessoas em situação de rua, informando sobre serviços disponíveis, principalmente abrigos com alojamento, higiene e refeições. Tudo para auxiliá-los a reconstruírem suas vidas.
Todas as ações da FAS são realizadas com consentimento dos moradores em situação de rua e buscam integrá-los à rede socioassistencial da Prefeitura de Curitiba, assegurando direitos, reintegração social e familiar. A abordagem ocorre por solicitações via Central 156 e busca ativa, mobilizando as equipes da FAS nas ruas em busca de pessoas necessitadas de abrigo.
Em algumas situações, a presença da Guarda Municipal é imprescindível para garantir a segurança das equipes de abordagem social que trabalham 24 horas por dia e todos os dias da semana.
O apoio é necessário porque situações de ameaça e agressões são comuns do dia a dia das equipes.
Apenas na última semana, três equipes da abordagem social viveram momentos de tensão durante o trabalho.
A situação mais grave foi registrada no último sábado (19/8), às 17h20, quando uma educadora social foi agarrada pelas costas e ameaçada com um fragmento de vidro, na Praça Tiradentes, por uma mulher em situação de rua. A servidora registrou Boletim de Ocorrência.
Ainda no dia 19, uma equipe do programa Anjos da Guarda, que faz abordagem social para garantir direitos e combater o trabalho infantil, teve o carro golpeado fortemente com uma clave de malabarismo por uma mulher que gritava agressivamente com a filha de 2 anos de idade. Ao ser abordada, a mulher, que segurava uma garrafa de bebida alcoólica, agrediu um dos educadores sociais, que na tentativa de contê-la, teve a calça rasgada e a boca cortada. A ocorrência aconteceu na Rua 13 de Maio, esquina com a Rua Barão do Cerro Azul, no Centro.
Na última quinta-feira (17/8), às 8h, um educador social também foi xingado e ameaçado de morte por um homem que dormia em um ponto de ônibus da Praça Rui Barbosa e não gostou de ser acordado pela equipe que o abordava para oferta de acolhimento. O caso foi relatado à Guarda Municipal.