
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou que a corporação busca comprovar tudo o que é dito em acordos de delação premiada, “independentemente da ‘avaliação’ ou de solicitações de outras agências”. A manifestação foi em resposta à declaração do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, que classificou a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como ainda frágil.
“A delação premiada, como meio de obtenção de provas, é ferramenta útil à investigação, e a PF corrobora sempre todo alegado, independentemente da ‘avaliação’ ou solicitações de outras agências”, afirmou diretor-geral da PF, que reiterou a defesa do uso dos acordos de colaboração em investigações policiais.
O delegado disse ainda que, neste momento, a PF está em busca de provas que corroborem as informações prestadas na delação de Cid independentemente de pedidos feitos pelo Ministério Público Federal para isso.
Lava Jato – Responsável pelas investigações que atingem o ex-presidente, o subprocurador afirmou que as informações apresentadas até agora pelo tenente-coronel são “narrativas” que ainda precisam ser comprovadas. Ele também fez críticas à Operação Lava Jato, investigação sobre corrupção na Petrobras que teve como um dos pilares a delação premiada e foi alvo de questionamentos.
Cabe a Carlos Frederico acompanhar as investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e tratam dos atos golpistas de 8 de janeiro e do esquema suspeito de apropriação ilegal e desvio de joias e presentes doados à Presidência no governo passado.
“Eu investigo para comprovar. Não posso partir de ilações. Isso foi o jogo da Operação Lava Jato. Eu não trabalho como o pessoal da Lava Jato. Eu trabalho com provas concretas para que as pessoas sejam denunciadas com provas irrefutáveis”, disse o subprocurador ao jornal O Estado de S. Paulo.
Pacto – Em delação premiada – a Polícia Federal aceitou o acordo e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, homologou o pacto -, Cid relatou o envolvimento de Bolsonaro em tentativa de convencer a cúpula das Forças Armadas a impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, falou sobre como fraudou o cartão de vacinação contra a covid-19 do então presidente e ainda narrou como o ex-chefe do Executivo operou o chamado “gabinete do ódio” para atacar pessoas consideradas adversárias do governo.
Para o subprocurador, a delação do ex-braço direito de Bolsonaro ainda pode ser considerada frágil porque não apresenta, por exemplo, localidade ou espaço-tempo em que os crimes relatados teriam ocorrido. “Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso”, afirmou Carlos Frederico.
Carlos Frederico insistiu. “Eu só posso dizer que há um indicativo quando eu tiver provas concretas. Aí pode ser Pedro, José, Jair (os responsáveis), não importa. Para mim não importa quem seja, preciso de provas concretas a respeito disso. Para saber quem fomentou esses atos todos. A pessoa e o grupo de pessoas que despertaram o 8 de Janeiro.”
Conforme Carlos Frederico, as investigações estão na fase de cumprimento de diligências e não há prazo de conclusão dos inquéritos para propor eventuais denúncias.