Polícia Federal prende 3o alvo de operação que mira líderes de atos golpistas no Distrito Federal

Assessor do deputado é acusado de participar de bloqueios e ataques aos três Poderes em Brasília no dia 8

Da Redação

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o terceiro alvo da Operação Ulysses, que mira em organizadores, líderes e financiadores de bloqueios em rodovias, manifestações em frente aos quartéis do Exército de Campos dos Goytacazes, e atos golpistas do dia 8 – quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, no Distrito Federal.
O alvo foi o assessor parlamentar Carlos Victor Carvalho, encontrado em Guaçuí, no Espírito Santo. Ele estava foragido desde a segunda-feira, quando a ofensiva foi aberta. Na ocasião, outros dois alvos foram presos, entre eles o subtenente do Corpo dos Bombeiros do Rio Roberto Henrique de Souza Júnior. A outra investigada, uma mulher de 48 anos, se entregou à Delegacia da PF em Campos dos Goytacazes.
A “Ulysses” foi aberta por ordem da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, com a expectativa de que as provas coletadas na fase ostensiva da apuração viabilizem a identificação de outros envolvidos nos atos golpistas.
Segundo a PF, ao longo das investigações, foram encontrados “elementos de prova capazes de vincular os investigados na organização e liderança” dos bloqueios de rodovias em Campos dos Goytacazes, dos atos antidemocráticos em frente ao QG do Exército na cidade e da ofensiva violenta que deixou um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes.
Carvalho é o terceiro investigado que teve prisão decretada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio deflagrada em Campos dos Goytacazes. O objetivo da investigação é identificar os responsáveis por bloqueio de rodovias no município e por liderar manifestações em frente do quartel do Exército da cidade, além de participar dos atos golpistas contra prédios públicos em Brasília.
Carlos Vitor é assessor do deputado estadual Filippe Poubel (PL-RJ). Em nota, o gabinete de Poubel declarou que o parlamentar “sempre repudiou atos ilegais e evidenciou respeito aos valores democráticos”.
Na quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes manteve a prisão de Wellington Firmino, do município paulista de Sorocaba, que participou dos atos e publicou nas redes sociais um vídeo filmado no telhado do edifício do Congresso Nacional. O nome dele está entre os 354 investigados que tiveram convertida em preventiva a prisão em flagrante.

Ex-número 2 de Torres vê ‘erro da Polícia Militar’
O ex-secretário Executivo de Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Sousa Oliveira afirmou à Polícia Federal que o ex-titular da pasta, Anderson Torres, só sairia de férias no dia seguinte aos atos golpistas do dia 8 – quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes. A declaração chamou atenção dos investigadores, que destacaram a frase no termo de depoimento de Oliveira.
A avaliação de Oliveira é a de que a Polícia Militar do DF, responsável pela segurança e patrulhamento da Esplanada dos Ministérios no dia 8, ‘errou’ na execução do plano operacional. Na semana passada, o governador afastado do DF Ibaneis Rocha (MDB) disse à PF suspeitar de ‘sabotagem’ na estratégia de ação das forças de segurança.
Segundo Oliveira, o planejamento ostensivo e preventivo era de responsabilidade da PM-DF, ‘nele devendo constar quantitativo do efetivo policial, equipamentos, viaturas e tropas especializadas a serem utilizadas no teatro operacional’.
Oliveira também afirmou que relatório de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF informava sobre ‘possível manifestação com ânimos exaltados’. Segundo ele, no entanto, ‘não havia confirmação concreta por parte da inteligência sobre o tamanho e se a manifestação ocorreria e em quais proporções’.
Ainda de acordo com Fernando Oliveira, tais informações foram apresentadas ao então secretário de Segurança Pública do DF, que determinou a ‘continuidade do monitoramento dos atos’. O braço-direito de Torres sustentou à PF que não recebeu ‘nenhuma diretriz específica’ sobre o ato que culminou em ofensiva violenta.