Prefeitura republica ilustração sobre união homoafetiva

Equipe ainda pediu desculpas por ter retirado material. Confusão começou por pressão da bancada evangélica

Ivan Santos

Críticas da bancada evangélica na Câmara Municipal levaram a prefeitura de Curitiba a retirar de sua página no Facebook uma notícia sobre um casamento coletivo programado para o próximo dia 7 de dezembro, na Arena da Baixada. A vereadora Carla Pimentel (PSC) apresentou uma moção de repúdio e discursou contra a iniciativa na sessão de ontem da Câmara Municipal, alegando que ela fazia apologia do casamento gay. O motivo seria uma ilustração usada na divulgação que traria imagens de casais homossexuais e heteros. Outros vereadores como Ailton Araújo (PSC), Valdemir Soares (PRB), Tiago Gevert (PSC), Noemia Rocha (PMDB) e Jorge Bernardi (PDT) apoiaram a moção. Os vereadores professora Josete e Jonny Stica, do PT defenderam a prefeitura. 

Após um dia inteiro de manifestações contrárias à decisão na imprensa e nas redes sociais, por volta das 21h30, o perfil da prefeitura republicou  a imagem e um pedido de desculpas. A Prefs é uma equipe, formada por gente. Às vezes a gente acerta, às vezes erra.Nós erramos, e pedimos desculpas. A nota foi assinada por todos integrantes da equipe de redes sociais e o secretário de comunicação, Gladimir Nascimento.

A notícia publicada na rede social da prefeitura informava que Curitiba terá em dezembro o maior casamento coletivo realizado na cidade com aproximadamente 1,5 mil casais. E que para a cerimônia podem fazer a inscrição casais homoafetivos e que queiram a renovação de votos. A iniciativa é uma parceria entre o município, Poder Judiciário, Sistema Fecomércio (Sesc e Senac); Cartórios de Registro Civil e o Clube Atlético Paranaense. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de outubro. Podem se inscrever para a cerimônia casais com renda de até três salários mínimos por pessoa – inclusive para união homoafetiva.
Pimentel criticou a ilustração da matéria. O primeiro desenho e, de maior destaque, mostra um casal de mulheres, depois um casal heterossexual e por ultimo um casal de homens. Quer dizer que uma minoria se sobrepõe ao invés da maioria que é composta por casais heterossexuais?, questionou. Depois do discurso, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) – segundo a vereadora – teria mandado tirar do ar a publicação do facebook oficial da prefeitura, e exclui também o material de seu facebook pessoal.
Ditadura gay — Para a vereadora, a publicação é uma ação unilateral, uma agressão aos cristãos ao princípio do Estado Laico, e à o que ela chamou de verdadeira definição de casamento pela Constituição Federal. A Constituição garante que casamento é a união entre homem e mulher. Essa atitude do Executivo demonstra uma ditadura gay velada. Nós vereadores não fomos consultados, disse ela.
Outros vereadores da bancada evangélica se somaram à parlamentar. Sou da época em que menino gostava de menina e menina gostava de menino, disse Chico do Uberaba (PMN). O poder público não pode fazer apologia a qualquer comportamento ou crença, afirmou Ailton Araújo (PSC). O Brasil é um país cristão. Somos a maioria e essa divulgação é ofensiva, argumentou a líder da oposição na Casa, Noêmia Rocha (PMDB). Aceitar os diferentes é respeitá-los. Aceitar, no entanto, não é omitir nossa posição. União civil é uma coisa. Casamento é outra. Casamento é homem e mulher. A divulgação foi feita em órgãos oficiais. Nós estamos pagando por um anúncio que não concordamos, considerou Valdemir Soares (PRB).

 

As várias respostas da Prefeitura

A prefeitura divulgou duas notas em resposta ao caso. Na primeira, alegou que o objetivo da publicação era apenas informar o público sobre a cerimônia, sem intenção de ofender qualquer grupo. Na segunda,disse ter excluído a publicação porque um grupo de pessoas se declarou ofendido pela imagem que utilizamos. E que a retirada da publicação não altera a disposição do órgão de promover o casamento coletivo. E por último, às 21h30 republicou a nota no Facebook