O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas (PP), afirmou nesta sexta-feira, 6, que a “pressĂ£o” dentro do partido estĂ¡ aumentando para que o ministro do Esporte, AndrĂ© Fufuca, deixe o governo do presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva. “Para mim, Fufuca nĂ£o deveria nem ter aceitado o ministĂ©rio. NĂ£o quero mais postergar essa decisĂ£o”, afirmou, em entrevista Ă  GloboNews.

Dirigentes e lĂ­deres dos partidos que integram o CentrĂ£o e de outras legendas de centro e centro-direita tĂªm demonstrado desconforto com as mudanças que vĂªm sendo sinalizadas pelo governo Lula. AlĂ©m da escolha, atĂ© agora, apenas de polĂ­ticos do PT, com perfil mais ideolĂ³gico, na reforma ministerial – Alexandre Padilha na SaĂºde e Gleisi Hoffmann na Secretaria das Relações Institucionais (SRI) -, a queda na popularidade do presidente tambĂ©m tem feito o grupo avaliar se vale a pena integrar a base de apoio dentro do Congresso.

Por ser abertamente de oposiĂ§Ă£o e aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, Nogueira tem verbalizado a insatisfaĂ§Ă£o do grupo partidĂ¡rio com a gestĂ£o petista. O Planalto, porĂ©m, jĂ¡ detectou que o desconforto passa tambĂ©m por outras legendas do centro – entre elas o MDB, o PSD, o UniĂ£o Brasil e o Republicanos. A ideia no governo Ă© tentar ampliar, a partir da prĂ³xima semana, o diĂ¡logo com esses partidos para reduzir as queixas.

O presidente do PP ressaltou na entrevista Ă  GloboNews que nĂ£o hĂ¡ compatibilidade entre o seu partido e o governo Lula. Segundo ele, foi feito um convite pessoal do petista para o deputado federal, de modo que nĂ£o houve uma aderĂªncia ao governo federal. “NĂ£o digo nem para deixar o governo, porque nĂ³s nunca entramos. Ultimamente, tem criado certo constrangimento essa situaĂ§Ă£o. Existe pressĂ£o da bancada para tomar essa decisĂ£o”, afirmou o senador. “Vou conversar sobre isso com algumas lideranças.”

Lira

Segundo integrantes da base aliada, a entrada de nomes do PP no primeiro escalĂ£o do governo passou por uma articulaĂ§Ă£o negociada diretamente com o entĂ£o presidente da CĂ¢mara, Arthur Lira (PP-AL), para contemplar os parlamentares do CentrĂ£o que tinham bom relacionamento com o Planalto. AlĂ©m da nomeaĂ§Ă£o de Fufuca – que Ă© prĂ³ximo de Nogueira e de Lira – para o MinistĂ©rio do Esporte, o PP emplacou tambĂ©m a presidĂªncia da Caixa EconĂ´mica Federal, com Carlos AntĂ´nio Vieira. Ele foi indicado para o posto justamente por Lira.

Na avaliaĂ§Ă£o desses interlocutores de Lula, Nogueira tenta se cacifar politicamente com a pressĂ£o sobre o governo e busca fortalecer sua aliança com Bolsonaro, a quem visitou em Angra dos Reis (RJ) durante o carnaval. Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, o presidente do PP sempre foi visto dentro do Planalto como um representante da oposiĂ§Ă£o. Por isso, segundo esses polĂ­ticos, Nogueira nĂ£o poderia sair, jĂ¡ que nunca entrou.

A avaliaĂ§Ă£o tambĂ©m Ă© de que seu movimento mais recente reflete a intenĂ§Ă£o de se reeleger para o Senado em 2026 ou mesmo ocupar uma eventual vaga de candidato a vice-presidente numa chapa da oposiĂ§Ă£o.

SecretĂ¡rio

Ontem, ao EstadĂ£o/Broadcast, Nogueira afirmou que o secretĂ¡rio de Segurança PĂºblica de SĂ£o Paulo, Guilherme Derrite, deve deixar o PL e migrar para PP em breve para concorrer ao Senado por SĂ£o Paulo em 2026.

A migraĂ§Ă£o foi acertada com a bĂªnĂ§Ă£o de Bolsonaro. Os trĂªs se reuniram em Angra dos Reis na Ăºltima terça-feira, 4, para selar o acordo.

Derrite pertencia ao PP quando concorreu ao cargo de deputado federal e foi eleito pela primeira vez em 2018. O capitĂ£o da PolĂ­cia Militar migrou para o PL para concorrer novamente em 2022. ApĂ³s sua reeleiĂ§Ă£o, foi escolhido por TarcĂ­sio de Freitas (Republicanos) para a pasta da Segurança PĂºblica, onde se destacou por uma polĂ­tica dura que provocou uma crise por causa do aumento da violĂªncia policial.

Apesar das crĂ­ticas, TarcĂ­sio garantiu no inĂ­cio do ano que Derrite nĂ£o seria retirado do cargo. No governo estadual, o secretĂ¡rio se tornou um fiel representante do bolsonarismo.

As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.