O governador Roberto Requião (PMDB) confirmou na tarde de ontem, na Justiça, as acusações contra a publicitária Cila Schulmann, que segundo ele teria recebido irregularmente R$ 10 milhões através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), durante a campanha ao governo de 2002 do prefeito Beto Richa (PSDB). Requião afirmou ainda que o empreiteiro Darci Fantin, da DM Construtora de Obras – suposta responsável pelo repasse do dinheiro do DER à Cila – teria confirmado a denúncia de desvio de dinheiro público durante a campanha de 2002 para o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda e para o chefe do cerimonial do Palácio Iguaçu, Jacir Bergmann II. Durante a audiência, porém, o próprio Requião admitiu que o empresário nega ter feito a denúncia e não deve confirmar a história.
Como não houve consenso entre as partes durante a audiência relativa a ação por calúnia, injúria e difamação, que a publicitária move contra o governador, o juiz da 16ª Vara Civel de Curitiba, Marcos Vinícius Denchuk marcou nova audiência para o próximo dia 19 de abril. Nesse dia, serão ouvidos os depoimentos de Botto de Lacerda, Bergmann II e Fantin. “Confirmo as declarações. Escutei do Fantin que o dinheiro foi entregue à Cila. Quando ele me contou estávamos sozinhos. O Fantin reclamou também com o Botto e com o Bergmann II que estava sendo perseguido e confirmou o desvio”, afirmou Requião.
Cila Schulman voltou a negar as denúcias e afirmou que elas lhe causaram prejuízo pessoal e financeiro. “Era coordenadora de marketing da campanha do Beto e não recebi nenhum pagamento irregular. Sequer conheço este Fantin. Quando surgiu esta história eu nem estava aqui. Trabalhei no primeiro turno da campanha do Beto e depois fui para Santa Catarina, participar da campanha do governador Luiz Henrique. Na época das acusações de Requião, tinha convite para trabalhar em duas campanhas e a coisa acabou emperrando por conta deste escândalo. Isso também me causou prejuízo pessoal, já que na época, tinha um filho pequeno”, explicou.
Desmentido — Há duas semanas, Darci Fantin publicou nota na imprensa negando que tenha tido qualquer conversa sobre este assunto com Requião. “Acho que vocês não conseguirão localizar o Fantin. Quando esta bronca estorou, ele me telefonou e disse que desmentiria tudo e que ia embora para o Mato Grosso, para não falar mais sobre o assunto”, informou o governador. O juiz completou dizendo que o empreiteiro será intimado e, caso não compareça, será conduzido ao Fórum pela Polícia Militar.
Contradição — Durante a audiência de ontem, o advogado do governador Roberto Requião (PMDB), Mario Lobo procurou embasar a defesa, negando que seu cliente tenha citado diretamente o nome da publicitária Clia Schulman, quando fez a denúncia publicamente em 2003, durante a escolinha de governo, na época, transmitida pelo Canal 21. “Tentei demonstrar que não houve dano para a reputação da Cila. Em momento algum o governador disse que ela tinha recebido dinheiro público. Se a prova deles é a degravação da fita, então podemos ficar tranquilos”.
Já o advogado de Cila, Luiz Fernando Pereira, garante que Requião admitiu a calúnia perante o juiz. “O governador repetiu a calúnia em audiência e isso não pode ser negado. A condenação é óbvia ”.
Pereira promete entrar com uma ação criminal contra Requião. “A partir desta confirmação de hoje, vamos estudar a possibilidade de ingressarmos com nova ação, desta vez criminal. Todos sabem que as acusações do governador têm objetivos políticos. Servem para atacar o prefeito Beto Richa. A Cila não pode ser prejudicada”.
Caso Requião seja condenado na ação civel por calúnia, injúria e difamação, caberá ao juiz determinar na setença o valor da multa.
Depoimento