Servidores voltam às ruas à espera de sinal do governo

Deputados retiram LDO de pauta na expectativa de uma proposta do Executivo

Da Redação

Franklin de Freitas - Servidores seguiram em ato até o Palácio Iguaçu

No sétimo dia de greve, os servidores públicos estaduais voltaram nesta segunda-feira (1) às ruas de Curitiba para uma manifestação em defesa do reajuste salarial da categoria à espera de uma resposta do governo. Oficialmente, o Executivo manteve a determinação de não reabrir negociações enquanto houver paralisação, mas nos bastidores, seguem as conversas entre representantes da administração estadual e o funcionalismo em busca de um acordo sobre a reposição da inflação dos últimos doze meses, de 4,94%.

As conversas estão sendo intermediadas pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, Hussein Bakri (PSD) e deputados da frente de defesa dos servidores, que inclui parlamentares de oposição e da bancada governista na Casa. Como resultado da negociação, a base do governo decidiu ontem retirar da pauta de votação a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2020. Pelo regimento interno da Assembleia, a LDO tem que ser votada até o próximo dia 17, caso contrário, os deputados não podem entrar em recesso. “Estou aguardando o governo posicionar-se em relação a esse possível entendimento com as entidades que representam os servidores. Vou retirar da pauta de hoje (a LDO) para aguardar essa manifestação do governo”, confirmou o presidente do Legislativo, deputado Ademar Traiano (PSDB).

Estratégia
O líder do governo afirmou que não poderia comentar sobre as negociações em andamento por questão estratégica. “Queria eu poder falar hoje ou amanhã o que está correndo de sábado para cá. Não posso. Mas sabem bem os integrantes do FES, entidades de policiais militares, membros da APP-Sindicato que está existindo a maior boa vontade no tratamento e definição dessa questão”, explicou.

No último dia 24, após carreata de policiais civis até o Centro Cívico com viaturas em mau estado de conservação, e na véspera do início da greve, o governo pediu prazo de mais uma semana para apresentar uma proposta para o funcionalismo. Os policiais então suspenderam a “operação padrão” nas delegacias, mas as demais categorias representadas pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES/PR) decidiram manter a paralisação, alegando que as negociações já se arrastam desde março sem avanços.

Após o início da greve, o governador Ratinho Júnior (PSD) reafirmou que não retomaria negociações enquanto houvesse paralisação, mas sinalizou para um acordo com os servidores da área de segurança pública.

Adesão
Nesta segunda-feira (1), os manifestantes se concentraram pela manhã na praça Santos Andrade, partindo em seguida em passeata até o Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. Segundo os organizadores, cerca de 15 mil pessoas teriam participado do ato. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.

Governo e sindicato também seguiram ontem travando um “guerra” de informações em torno do tamanho da adesão do funcionalismo ao movimento. O FES alega que a paralisação já teria atingido cerca de 80% dos servidores do Estado. A APP-Sindicato – que representa professores e funcionários da educação – apontou que a greve estaria afetando total ou parcialmente 85% das escolas estaduais. A Secretaria da Educação, porém, reafirmou que as escolas totalmente paradas seriam pouco mais de 4,2% da rede, e que cerca de 40% teriam sido afetadas parcialmente pelo movimento. Em Curitiba, a adesão total seria de 5,5% e parcial de 66%, segundo a Pasta.