
Sidnei Toaldo (Patriota) nasceu e foi criado no bairro do Butiatuvinha, e se autodescreve como “sangue e raiz” de Santa Felicidade, conhecido reduto da colônia italiana de Curitiba. Mora até hoje ao lado da casa de 125 anos onde cresceu e que foi tombada pelo patrimônio histórico. Presidente da Sociedade Iguaçu, herdou do pai, José Toaldo, o Bepite, o gosto pelo esporte amador e pelo trabalho comunitário que o levou a ser assistente social.
Também foi do pai o empurrão para que ele entrasse na política, como assessor do ex-vereador e ex-presidente da Câmara da Capital, Horácio Rodrigues, em 1992. Depois, trabalhou durante mais seis mandatos com o ex-vereador Aldemir Manfron. Após o final do mandato da esposa de Aldemir, Maria Manfron, que não se candidatou à reeleição, Toaldo resolveu tentar sorte própria e foi eleito com 3.618 votos, aos 51 anos. Apesar de ter integrado a coligação do candidato de oposição à prefeitura, Fernando Francischini (PSL), pretende se alinhar à gestão Greca, mas “cobrando o que é certo”, avisa ele, em entrevista ao Bem Paraná.
Bem Paraná – Onde o senhor nasceu e qual sua formação?
Sidnei Toaldo – Nasci e fui criado no bairro do Butiatuvinha. Na minha residência aqui hoje ao lado uma das casas onde praticamente nasci, uma casa que já existe há mais de 125 anos, tombada pelo patrimônio histórico. A gente é sangue e raiz aqui de Santa Felicidade. Da colônia famosa. Sou formado em Serviço Social.
BP – Já tinha disputado alguma eleição?
Sidnei Toaldo – Não. É a primeira. Na verdade, eu ingressei na Câmara Municipal de Curitiba em 1992, com o então presidente na época, Horácio Rodrigues. Fiquei até 97, 98 trabalhando com ele na Câmara. E por dois anos ele assumiu na Assembleia, no lugar do Jocelito Canto, ficamos dois anos lá. Aí posteriormente eu recebi o convite do vereador Ademir Manfron, fiquei com ele nos seis mandatos dele, e agora no último mandato da esposa dele, a vereadora Maria Manfron.
BP – Como foi o seu envolvimento com a política?
Sidnei Toaldo – Eu tenho no meu sangue uma coisa muito maravilhosa e importante, que é meu pai. Meu pai era o José Toaldo. O apelido dele era Bepite. Meu pai foi uma liderança muito importante aqui no bairro. Ele foi presidente por muitos anos, diretor, tanto do Clube Iguaçu, do qual eu hoje sou o presidente, quanto da comissão da igreja da paróquia da Conceição. E nós tocávamos em 1992 o restaurante da Sociedade Iguaçu. E o Horácio apareceu lá para jantar e disse para o meu pai: ‘Bepite, quer me ajudar na campanha?’. Eu estava saindo de um estágio da Trombini e o meu pai falou se eu queria. E aí que eu iniciei meu trabalho. Fizemos a campanha do Horácio, ele foi o segundo mais votado, nós fizemos aqui na região quase 900 votos. Eu ingressei na vida política por influência do meu pai. Ele era muito amigo do Algaci Tulio. O Algaci falou para o meu pai se ele não queria sair para vereador. Meu pai disse que não ia porque não tinha estudo. Ele só tinha o ensino fundamental. Ele não foi, mas se fosse, com certeza teria sido um grande político.
GESTÃO GRECA
‘Serei base, mas cobrando o que é certo’
Bem Paraná – Qual a sua principal bandeira?
Sidnei Toaldo – Sou presidente da Sociedade Iguaçu. Assumi agora em 2018. Findando o meu mandato dia 18 de dezembro. Mas eu faço questão e até pela procura dos meus diretores, sabendo da responsabilidade grande agora de ser vereador, porque a gente conhece os caminhos do clube. O esporte hoje, uma das minhas bandeiras. Quando eu digo esporte é no geral. Principalmente pós-pandemia, a nossa juventude ficou muito presa dentro de casa. E eu sou defensor do esporte amador, do futebol amador, e do esporte em geral. A função social do esporte. A gente poder direcionar essa juventude, que está aí com quase um ano perdido. Essa pandemia está deixando um rastro. Eu tive alguns amigos que me apoiaram na campanha que, infelizmente, foram internados e entubados. Pós-pandemia, logo que a vacina venha, também a questão do emprego. As micro e pequenas empresas fechando. A gente tem um cuidado muito grande de olhar para esse setor. O apoio ao pequeno empresário que vão gerar os empregos é muito importante. Os profissionais da área médica estão em um esgotamento total. Acho que esse cuidado com a área da saúde. A gente tem que agradecer todo dia o trabalho que eles estão fazendo.
BP – O Patriota apoiou a candidatura do deputado estadual Fernando Francischini (PSL) à prefeitura contra o atual prefeito. Qual a sua posição em relação à gestão Greca? Apoio, oposição ou independência?
Sidnei Toaldo – Eu estive na semana passada conversando com o presidente municipal do partido, (vereador) Geovane Fernandes (Patriota). Que no Patriota se manteu neutro na campanha porque já tinha vínculo com o Rafael Greca. E falando com o deputado Roman, que é o presidente estadual do partido, eu vejo que a gente pode estar em um alinhamento com o Greca. Teve algumas situações que o Greca eu acho que alguns setores tenha deixado a desejar. Isso é normal. Você nunca vai atingir 100% de agradar a todos. Mas acho que o Greca tem feito um bom trabalho. E a gente vai estar lá atento a isso. Mesmo sendo da base, mas cobrando o que é certo. Sou vereador para fiscalizar os recursos que vão ser aplicados. Com certeza, eu vou ser muito firme nessa questão, porque é isso que eu devo ao meu eleitorado.
PANDEMIA
‘Restaurantes grandes estão fechando’
BP – Como o senhor está vendo a situação da pandemia em Curitiba e a forma como a prefeitura está lidando com isso?
Sidnei Toaldo – Eu conheço muito bem o trabalho da Márcia Huçulak (secretária Municipal da Saúde) e do Beto Preto (secretário estadual). Eu não queria estar no lugar deles. Foram tomadas medidas que atendiam a área médica, mas ao mesmo tempo, não atingiam o setor econômico. Aos pequenos, médios empresários. Tiveram muitos problemas. Aqui na nossa região tenho visto muitas empresas, restaurantes grandes de Santa Felicidade acabarem fechando, porque trabalham com eventos. São vários setores que sofreram muito com a pandemia. Eu dizer que a prefeitura agiu errado ou certo? É uma questão médica. Sou muito amigo do Hélio Curi, presidente da Federação Paranaense de Futebol. Esse ano, o campeonato amador não aconteceu em Curitiba. Nem a Taça Paraná, nada. Ele falava para mim: ‘nós entendemos de futebol, de área médica, somos leigos’. Eu acho que talvez um bom entendimento entre o setor econômico e a prefeitura. Talvez tenha faltado essa interlocução para poder chegar a um consenso. Acho que as medidas foram sendo tomadas mediante a situação. Agora tem essa crítica de que para a eleição foi deixado tudo à vontade e agora volta tudo atrás. Acho que tem um pouco de tudo. Tem um pouco da participação da prefeitura, mas tem um pouco da participação popular. Acho que o povo não entendeu muito bem essa questão do isolamento e do distanciamento social. Eu vejo isso na minha região. A gente viu que o povo saiu com muita sede ao pote. Essa questão tanto do governo municipal quanto do governo estadual, de ‘use máscara’, ‘mantenha o isolamento, o distanciamento, use álcool gel, evite sair’, realmente não foi atendido à contento. Mas ao mesmo tempo trouxe problemas para a economia, os pequenos e médios empresários. Precisamos nos adaptar a uma nova realidade, e isso requer o debate. Acho que a Câmara terá um papel importante, servir desse elo de ligação do pequeno, médio empresário e a prefeitura.
BP – O senhor tem algum projeto para apresentar no início do mandato?
Sidnei Toaldo – A gente está analisando com a equipe. Tudo depende também do novo normal. Como a gente vai estar vendo o ano que vem, vários setores da economia, educação, segurança. Temos bons projetos também para essa área. Acho que o vereador também pode estar cuidando dessa parte. A Guarda Municipal tem trabalhado com a Polícia Civil e Militar.