O Superior Tribunal Militar (STM) condenou sete agentes por participaĂ§Ă£o em um esquema de desvio de alimentos no ColĂ©gio Militar do Recife (CMR), na capital pernambucana. A decisĂ£o foi divulgada nesta quinta-feira, 6. As penas Ă s quais foram sentenciados um capitĂ£o, trĂªs sargentos, dois cabos e um soldado variam entre cinco e sete anos de reclusĂ£o.
Uma tenente, nutricionista do colĂ©gio, percebeu a falta de aproximadamente 150 kg de carne e relatou o fato ao comando da unidade. O prejuĂzo ao erĂ¡rio pĂºblico foi estimado em R$ 69.533,08.
Quando nĂ£o couber mais recurso, ou seja, quando a decisĂ£o tiver transitado em julgado, o capitĂ£o vai responder a uma aĂ§Ă£o para a perda de posto e patente, por indignidade e incompatibilidade com o oficialato. Os outros condenados jĂ¡ tiveram a exclusĂ£o das Forças Armadas como parte de suas penas.
Os acusados foram denunciados pelos crimes de peculato, prevaricaĂ§Ă£o, coaĂ§Ă£o, ameaça e participaĂ§Ă£o em organizaĂ§Ă£o criminosa. Na primeira instĂ¢ncia, os rĂ©us foram absolvidos pela Justiça Militar da UniĂ£o, em Recife, que entendeu que havia insuficiĂªncia de provas e ausĂªncia de justa causa.
O MinistĂ©rio PĂºblico Militar contestou a decisĂ£o, recorrendo ao STM, em BrasĂlia. O MPM argumentou que as provas coletadas durante o inquĂ©rito, como vĂdeos e depoimentos de testemunhas, eram suficientes para demonstrar a participaĂ§Ă£o dos rĂ©us no esquema.
O relator, ministro Artur Vidigal de Oliveira, votou por manter a absolviĂ§Ă£o, mas o PlenĂ¡rio decidiu por acatar parte da acusaĂ§Ă£o do MinistĂ©rio PĂºblico Militar e condenar todos os rĂ©us.
A investigaĂ§Ă£o do esquema começou em 2019, quando a gravaĂ§Ă£o de um vĂdeo registrou militares transferindo caixas de carne e outros alimentos, que deveriam abastecer o rancho do quartel, para veĂculos particulares e viaturas.
De acordo com o STM, os envolvidos usavam a expressĂ£o “Dia dos Dez MirrĂ©is” para se referir aos dias em que os desvios aconteciam.
Em denĂºncia formalizada em 2020, mostrou-se que o grupo operava de forma coordenada, com a liderança do capitĂ£o. JĂ¡ os sargentos atuavam como executores e coagiam subordinados a participar dos desvios. Testemunhas afirmaram ter sido alertadas para nĂ£o falar sobre as atividades.
Alguns dos acusados retiravam os alimentos da cĂ¢mara frigorĂfica e do depĂ³sito, embalados em sacos pretos ou caixas, e os transportavam para veĂculos particulares ou viaturas militares apĂ³s o expediente.
Outros ficariam responsĂ¡veis por dirigir os carros com os produtos desviados e alteravam os registros no sistema de controle de estoque do estabelecimento, reduzindo as quantidades oficialmente registradas para que o desvio nĂ£o fosse percebido.