O Superior Tribunal Militar (STM) rejeitou um pedido de habeas corpus que buscava impedir uma possĂ­vel prisĂ£o preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A solicitaĂ§Ă£o foi feita pelo cidadĂ£o Joaquim Pedro de Morais Filho, que apontava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como a autoridade que poderia decretar a prisĂ£o. A Justiça Militar divulgou a decisĂ£o nesta quinta-feira, 6.

No pedido, a defesa alegou que qualquer decisĂ£o judicial contra Bolsonaro deveria ser analisada pela Justiça Militar, jĂ¡ que os fatos apontados no inquĂ©rito da PolĂ­cia Federal estariam dentro da competĂªncia desse ramo do JudiciĂ¡rio.

O ministro relator Carlos Augusto Amaral Oliveira negou o pedido, afirmando que a Justiça Militar nĂ£o tem competĂªncia para julgar o habeas corpus, jĂ¡ que a investigaĂ§Ă£o corre no STF. Oliveira destacou ainda que os crimes investigados, incluindo os atos de 8 de janeiro e supostos atentados contra autoridades federais, nĂ£o sĂ£o de competĂªncia da Justiça Militar. O magistrado arquivou o pedido apĂ³s classificĂ¡-lo como “manifestamente estranho Ă  competĂªncia” do STM.

“Ainda que esses episĂ³dios pudessem, em tese, ser considerados crimes militares por extensĂ£o, com enfoque na recente alteraĂ§Ă£o do art. 9º do CPM, por meio da Lei nº 13.491, de 13 de outubro de 2017, nĂ£o caberia a esta Corte a apreciaĂ§Ă£o de habeas corpus em face de ato praticado ou consentido por ministro do Supremo Tribunal Federal, cuja competĂªncia Ă© daquele respectivo colegiado, conforme previsĂ£o contida no art. 102, alĂ­nea “d”, da ConstituiĂ§Ă£o Federal”, afirmou o ministro.

Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR) por tentativa de golpe de Estado. Como o processo tramita no STF, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi quem recebeu a denĂºncia. Os denunciados tiveram o prazo de 15 dias para enviarem resposta escrita Ă  acusaĂ§Ă£o formal para o ministro. O prazo de Bolsonaro termina nesta quinta-feira, 6.

ApĂ³s receber as respostas, Moraes poderĂ¡ liberar o caso para julgamento pelo plenĂ¡rio ou pela Primeira Turma do STF. Os ministros decidirĂ£o se aceitam a denĂºncia, abrindo uma aĂ§Ă£o penal que tornaria Bolsonaro rĂ©u no processo. Caso a aĂ§Ă£o seja instaurada, ainda caberĂ¡ recurso da decisĂ£o.

A defesa do ex-presidente rebateu a denĂºncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precĂ¡ria” e “incoerente”. Bolsonaro tem argumentado que o processo nĂ£o deveria ser conduzido por Moraes e expressou seu desejo de ser julgado pelo plenĂ¡rio do STF. O ex-presidente tem apostado ainda na tese de que o caso deveria ser remetido Ă  primeira instĂ¢ncia, alegando que, apĂ³s deixar a PresidĂªncia, nĂ£o possui mais foro privilegiado