O PlenĂ¡rio do Supremo Tribunal Federal formou maioria para colocar no banco dos rĂ©us o deputado Loester Trutis (PL-MS) e seu assessor e Ciro Nogueira Fidelis por supostamente terem forjado atentado a tiros contra o parlamentar em fevereiro de 2020. A dupla Ă© acusada pelos crimes de comunicaĂ§Ă£o falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e disparo de arma de fogo.
Os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e CĂ¡rmen LĂºcia acompanharam o voto da relatora, a presidente da corte Rosa Weber, no sentido de que hĂ¡ ‘prova da materialidade delitiva e indĂcios suficientes de autoria’ para abrir processo penal contra Trutis e Fidelis.
Rosa rechaçou alegações da defesa, que pedia que a denĂºncia fosse rejeitada, ressaltando que os argumentos nĂ£o sĂ£o suficientes para ‘desqualificar’ as informações colhidas ao longo das investigações. Segundo a ministra, as provas dĂ£o suporte Ă narrativa da denĂºncia.
“NĂ£o significa dizer que, uma vez submetidos Ă testagem aprofundada, em ambiente contraditĂ³rio e com paridade de armas, nĂ£o possam ser infirmadas pelos argumentos defensivos baseados nas provas a serem produzidas”, ponderou.
A decisĂ£o de receber a denĂºncia oferecida pelo entĂ£o vice-procurador-geral da RepĂºblica, Humberto Jacques de Medeiros, se deu durante julgamento no plenĂ¡rio virtual da corte que teve inĂcio no dia 5. A sessĂ£o, na qual os magistrados podem depositar seus votos Ă distĂ¢ncia, tem previsĂ£o de acabar nesta segunda-feira, 15.
O deputado bolsonarista alegou ter sido vĂtima de um ataque a bala em fevereiro do ano passado na rodovia BR-060, entre SidrolĂ¢ndia (MS) e Campo Grande (MS), atribuindo a emboscada a uma disputa polĂtica no Mato Grosso do Sul. No entanto, a acusaĂ§Ă£o da PGR narrou que ‘robustos elementos’ contradizem a versĂ£o do parlamentar, chamando atenĂ§Ă£o para o uso polĂtico do episĂ³dio.
Segundo a PGR, Trutis e Fidelis simularam o atentado, tendo efetuado disparos contra o carro do parlamentar em uma estrada vicinal de Mato Grosso do Sul. Os disparos se deram tanto de fora para dentro, como de dentro para fora do veĂculo, diz a denĂºncia. O MinistĂ©rio PĂºblico Federal diz que a narrativa apresentada pelo deputado e seu assessor Ă PolĂcia Federal, sobre o suposto atentado, revelou-se falsa.
Ao analisar a denĂºncia oferecida pela PGR, Rosa Weber considerou que a acusaĂ§Ă£o foi instruĂda com ‘prova da materialidade dos delitos’ – laudos tĂ©cnicos sobre os disparos de arma e danos ao veĂculo, auto de apreensĂ£o de arma de fogo apta a realizar os disparos, alĂ©m de depoimentos em que foi formalizada comunicaĂ§Ă£o da prĂ¡tica de crime.
“Diante do que se tem reunido, Ă© forçoso constatar a presença de prova da materialidade e de suficientes indĂcios da prĂ¡tica dos crimes imputados, a revelar justa causa e a aptidĂ£o da denĂºncia para o trĂ¢nsito do pedido ministerial de submeter a escrutĂnio do Poder JudiciĂ¡rio, pelo via do procedimento legalmente destinado a tanto, a pretensĂ£o punitiva formulada na denĂºncia”, ressaltou.
Rosa Weber defendeu a competĂªncia da corte para analisar a denĂºncia apontando que as investigações indicam que Trutis e Nogueira ‘em tese, teriam concorrido para os mesmos fatos, em condições nas quais as ações do assessor contribuiriam finalisticamente com a suposta atuaĂ§Ă£o escusa do parlamentar, sinalizando imbricaĂ§Ă£o de condutas a justificar a tramitaĂ§Ă£o unitĂ¡ria do feito’.
A ministra indicou que, durante as apurações, a PolĂcia Federal chegou a fazer buscas contra os investigados, em novembro de 2020. Na ocasiĂ£o, foram descobertas condutas que podem configurar suposta prĂ¡tica de outros delitos, diz o voto de Rosa, mas em razĂ£o da falta de conexĂ£o com o atentado tal apuraĂ§Ă£o foi remetida Ă primeira instĂ¢ncia da Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO
A reportagem busca contato com o deputado e seu assessor. O espaço estĂ¡ aberto para manifestações.