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Edson Vasconcelos, presidente da Fiep (Foto: Robson Mafra)


A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) considera que, apesar das medidas emergenciais anunciadas nesta quarta-feira (13) em socorro a empresas exportadoras, o governo federal brasileiro precisa cumprir seu papel como principal negociador para a busca de uma solução definitiva em relação à taxação imposta pelos Estados Unidos. Segundo a entidade, apesar de as medidas serem importantes para dar fôlego às empresas mais afetadas, caso não haja a reversão efetiva da taxação por meio de vias técnicas e diplomáticas, elas somente postergarão o colapso de segmentos dependentes do mercado norte-americano.

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“No Paraná, muitas indústrias que são altamente dependentes das exportações para os Estados Unidos, como é o caso de alguns segmentos do setor da madeira, já estão há mais de um mês sofrendo prejuízos com cancelamentos de contratos de compradores norte-americanos e chegaram ao limite de suas capacidades para manutenção das atividades e dos empregos que geram”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos.

Tarifaço: “Sem recuperar o mercado norte-americano, essas empresas não conseguirão sobreviver”

Para ele, as medidas emergenciais anunciadas pelo governo não deixam de ser importantes neste momento, mas são apenas paliativas. “Sem recuperar o mercado norte-americano, essas empresas não conseguirão sobreviver. Seus problemas, portanto, só serão resolvidos com a reversão das tarifas, o que depende de uma negociação baseada em critérios técnicos e diplomáticos, que infelizmente não vem sendo buscada por parte do governo brasileiro”, acrescentou.

Na opinião do presidente do Sistema Fiep, o governo federal tem colocado questões ideológicas e políticas acima dos interesses da economia e do setor produtivo brasileiros. “Enquanto outros países já negociaram reduções de tarifas com a administração dos EUA, o governo brasileiro segue adotando atitudes contrárias a um diálogo técnico, que fazem com que, a cada semana, vejamos reduzidas nossas chances de se chegar a um acordo que preserve os negócios e os empregos nas indústrias exportadoras”, conclui Vasconcelos.

Para Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal, medidas um “paliativo bom”

O presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), Fabio Brun, avaliou como positiva a Medida Provisória anunciada pelo governo federal para mitigar os impactos do  Tarifaço sobre exportações ao mercado norte-americano. “O pacote contém vários pontos que podem auxiliar empresas que  exportam para os Estados Unidos no curtíssimo prazo, permitindo que as companhias sejam capazes de sobreviver a esse período de ajuste à nova realidade.”

Entre os pontos positivos, a entidade aponta a linha de crédito de R$ 30 bilhões, a postergação dos impostos por dois meses e compras emergenciais de perecíveis.

Apesar disso, ressalta que a medida não resolve de forma definitiva o problema. “Por mais que o pacote seja abrangente e tenha componentes interessantes, ele é um paliativo — um paliativo bom, mas que não substitui a necessidade de redução da tarifa”, afirmou.

O presidente da APRE também destacou a importância de garantir a efetiva aplicação dos benefícios previstos. “Uma coisa é anunciar o pacote, outra é a implementação. É fundamental que o que está sendo sugerido na MP seja realmente aplicável e que as empresas tenham acesso às medidas propostas”, completou.

Impactos do Tarifaço no Paraná


No caso do Paraná, cujas exportações aos EUA totalizaram quase US$ 1,6 bilhão em 2024, a tarifa de 50% afeta oito dos dez principais produtos comercializados pelas empresas do estado ao mercado norte-americano. Foram incluídos nas isenções definidas pela administração dos EUA somente os setores de papel e celulose, responsável por US$ 53,8 milhões em exportações no ano passado, e de suco de laranja, que comercializou US$ 9,5 milhões.

A nova tarifa atinge com intensidade principalmente os produtos madeireiros, que representam quase 40% de tudo o que o estado exporta aos EUA. O setor movimentou, em 2024, mais de US$ 614 milhões em exportações para o mercado norte-americano, sendo que determinados segmentos chegam a destinar mais de 95% de suas produções para os Estados Unidos. Com a aplicação da taxação, as empresas do setor madeireiro, que geram 38 mil empregos diretos no estado, podem sofrer uma queda brusca nas vendas externas. O impacto pode ser ainda maior para municípios específicos, como Bituruna, União da Vitória e Imbituva, entre outros, que possuem elevada dependência do setor madeireiro em termos de postos de trabalho.

Além da madeira, outros setores com destaque nas exportações paranaenses aos EUA também serão impactados. Entre eles, o metalmecânico (exportações de US$ 397 milhões em 2024), couro (US$ 47 milhões), cerâmica (US$ 33 milhões), móveis (US$ 14 milhões) e alimentos como café, mate e carne.