
Termina nesta quinta-feira, 6, o prazo para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais denunciados pela Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR) no inquĂ©rito do golpe enviarem suas defesas prĂ©vias ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa prĂ©via Ă© o conjunto de argumentos apresentado pelos acusados antes da instauraĂ§Ă£o formal do processo. Serve justamente para tentar convencer os ministros a rejeitar a denĂºncia e, com isso, encerrar o caso sem a deflagraĂ§Ă£o de uma aĂ§Ă£o penal.
O prazo de 15 dias começou a contar a partir da notificaĂ§Ă£o dos advogados, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 19 de fevereiro.
A Primeira Turma do STF vai analisar as manifestações das defesas para decidir se hĂ¡ elementos suficientes para receber a denĂºncia da PGR. Pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte sĂ£o responsĂ¡veis pelos julgamentos de casos criminais.
As defesas montaram forças-tarefa para analisar os autos e preparar sua argumentaĂ§Ă£o. O EstadĂ£o apurou que os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, que representam o ex-presidente Jair Bolsonaro, vĂ£o apresentar questões preliminares de ordem processual e entregar o rol de testemunhas para serem ouvidas se a denĂºncia for recebida.
Em entrevista ao EstadĂ£o, logo apĂ³s a denĂºncia do procurador-geral Paulo Gonet chegar ao STF, os advogados afirmaram que a tese da acusaĂ§Ă£o “nĂ£o faz qualquer sentido”. Segundo a denĂºncia, o plano golpista fracassou porque a cĂºpula do ExĂ©rcito nĂ£o aderiu. Um dos argumentos da defesa do ex-presidente Ă© o de que, se quisesse dar um golpe, Bolsonaro poderia ter trocado os comandantes das Forças Armadas para obter apoio dos militares.
Prazo
As defesas pediram a suspensĂ£o da contagem do prazo alegando que nĂ£o tiveram acesso a todas as provas da investigaĂ§Ă£o. Os advogados exigem, por exemplo, o espelhamento de todas as mensagens extraĂdas dos celulares apreendidos no inquĂ©rito.
Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi tambĂ©m defenderam que o prazo deveria ser prorrogado para que as defesas tivessem direito a, no mĂnimo, o mesmo tempo usado pela PGR para formular a denĂºncia (83 dias).
Todos os pedidos foram rejeitados por Alexandre de Moraes. O ministro alegou que “o amplo e integral acesso aos elementos de prova jĂ¡ documentados nos autos estĂ¡ plenamente garantido Ă defesa dos denunciados”. TambĂ©m apontou que os advogados “sempre tiveram total acesso aos autos, inclusive retirando cĂ³pias e com ciĂªncia dos despachos proferidos”.
Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos autos depois de receber a denĂºncia. SĂ£o 18 volumes de documentos que somam mais de 3 mil pĂ¡ginas.
A delaĂ§Ă£o do tenente-coronel Mauro Cid tambĂ©m foi tornada pĂºblica. O STF deu publicidade aos anexos do termo de colaboraĂ§Ă£o premiada, tanto em vĂdeo como por escrito.
Moraes ainda compartilhou com todos os 34 denunciados provas de investigações sigilosas que tĂªm relaĂ§Ă£o com a denĂºncia. SĂ£o investigações que envolvem o aparelhamento da AgĂªncia Brasileira de InteligĂªncia (Abin), o uso da PolĂcia RodoviĂ¡ria Federal para influenciar as eleições de 2022 e os atos do 8 de Janeiro.
Veja quais crimes sĂ£o atribuĂdos a Bolsonaro e a seus aliados:
– tentativa de aboliĂ§Ă£o violenta do estado democrĂ¡tico de direito (pena de 4 a 8 anos);
– golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);
– organizaĂ§Ă£o criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denĂºncia);
– dano qualificado pela violĂªncia e grave ameaça, contra o patrimĂ´nio da UniĂ£o, e com considerĂ¡vel prejuĂzo para a vĂtima (pena de 6 meses a 3 anos);
deterioraĂ§Ă£o de patrimĂ´nio tombado (pena de 1 a 3 anos).
Veja a lista completa de denunciados:
Ailton Gonçalves Moraes Barros
Alexandre Ramagem
Almir Garnier Santos
Anderson Torres
Angelo Martins Denicoli
Augusto Heleno
Bernardo RomĂ£o Correa Netto
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
Cleverson Ney MagalhĂ£es
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
FabrĂcio Moreira de Bastos
Fernando de Sousa Oliveira
Filipe Garcia Martins
Giancarlo Gomes Rodrigues
Guilherme Marques de Almeida
Hélio Ferreira Lima
Jair Bolsonaro
Marcelo Bormevet
MĂ¡rcio Nunes de Rezende JĂºnior
Marcelo Costa CĂ¢mara
Mario Fernandes
MarĂlia Ferreira de Alencar
Mauro Cid
Nilton Diniz Rodrigues
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Rafael Martins de Oliveira
Reginaldo de Oliveira Abreu
Rodrigo Bezerra de Azevedo
Ronald Ferreira de Araujo JĂºnior
Silvinei Vasques
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Walter Souza Braga Netto
Wladimir Matos Soares