Trump reafirma que tarifaço que atinge o Brasil vai começar em 1º de agosto

Folhapress, editada por Lycio Vellozo Ribas
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Foto de arquivo de Trump (Isac Nóbrega/PR)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (27) que o tarifaço de 50% sobre produtos importados do Brasil entrará em vigor na sexta-feira (1º), como planejado. A sobretaxa que atinge o Brasil é uma das maiores do mundo. Contudo, outros países também serão afetados.

“O 1º de agosto é para todos”, disse o republicano durante entrevista coletiva ao lado de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, com quem se encontrou na Escócia para acertar o acordo que reduziu as taxas sobre a União Europeia para 15%.

Tentar adiar o início da cobrança é um dos pleitos do empresariado brasileiro ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atenuar os impactos. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) já disse ao setor privado que um dos planos era pedir um adiamento de até 90 dias, como ocorreu em abril para as tarifas recíprocas.

Mais cedo neste domingo, no entanto, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, também descartou o adiamento. “Não haverá prorrogação nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro”, disse Lutnick à Fox News.

O secretário disse que Trump vai manter as portas abertas para negociação. Até agora, houve sete grandes acordos celebrados por Washington: com a UE neste domingo; Japão, Indonésia e Filipinas na semana passada; Vietnã no início do mês; Reino Unido e China em maio.

Tarifaço

O Brasil foi o único país a receber a tarifa de 50% no tarifaço mais recente do presidente americano, que atribuiu a cobrança ao que chamou de “caça às bruxas” promovida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em meio às tentativas de negociação do governo Lula, uma autoridade do governo dos Estados Unidos afirmou à Folha que a Casa Branca avalia não ter percebido envolvimento relevante ou recebido ofertas significativas por parte do Brasil.

Apesar da afirmação, negociadores brasileiros vêm dizendo que o processo formal de tratativas está travado, à espera de um sinal verde justamente da Casa Branca. Eles afirmam ter feito ofertas aos EUA antes mesmo de Trump ter anunciado a elevação da tarifa de 10% para 50%.

O governo brasileiro, no entanto, não fez e afirma que não fará concessões relativas à parte política da carta em que o presidente americano justifica as tarifas. Por enquanto, os brasileiros dizem que o governo americano mantém silêncio sobre as ofertas que foram feitas.

Na sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Alckmin tenta diariamente negociar com os EUA, mas não tem sucesso. “Todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, afirmou.

Oposição

A falta de acertos em relação às tarifas tem incomodado a oposição. No sábado (26), governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou indiretamente o governo Lula ao dizer que vivemos em um momento no qual se quer tirar proveito político de tudo.

Caso o governo não chegue a um acordo com os EUA nesta semana, há uma série de medidas em estudo para atenuar o impacto das tarifas de 50%. Entre elas, estão políticas de preservação de empregos semelhante ao programa emergencial BEm, criado na pandemia, e de facilitação do crédito para empresas exportadoras.

Os Estados Unidos têm um superávit com o Brasil que representou quase US$ 284 milhões (R$ 1,6 bilhão) em 2024, segundo números oficiais brasileiros.

As principais vendas do Brasil para o mercado americano são de petróleo bruto (12%), produtos semiacabados de ferro e aço (9,7%), café não torrado (5,8%) e aeronaves e outros equipamentos (5,2%), entre outros.

Agro

Maior exportador mundial de carne bovina e de frango, soja, milho, café, açúcar e suco de laranja, o setor agropecuário brasileiro será um dos mais afetado. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) calcula que o agronegócio deixará de exportar US$ 5,8 bilhões aos EUA com a sobretaxa de 50%.

O valor representaria uma queda de 48% nas exportações de produtos internos ao mercado norte-americano em comparação com 2024. Segundo a entidade, a sobretaxa praticamente zera a exportação de suco de laranja brasileiro para o mercado norte-americano, destino de 42% dos envios ao exterior.

Neste mês, uma distribuidora de suco de laranja dos Estados Unidos acionou a Justiça americana contra a aplicação das tarifas citando possíveis demissões, redução na produção e riscos à continuidade de suas operações.

Tarifas que o governo americano deve cobrar a partir de 1º de agosto