Uma das quatro vĂ­timas que acusam de estupro o vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PL) contou em depoimento Ă  polĂ­cia que o parlamentar apontou uma arma para a cabeça dela ao pedir para parar uma relaĂ§Ă£o sexual. Os trechos do depoimento foram divulgados pelo FantĂ¡stico, da TV Globo.

A mulher relata que o episĂ³dio ocorreu no dia 14 de maio de 2017, logo apĂ³s sair de uma casa noturna no Rio com Gabriel Monteiro. Os dois entraram no carro dele, onde começaram o ato sexual. Monteiro teria ficado agressivo e começado a dar tapas no rosto e socos nas costelas da vĂ­tima. Nesse momento, ao pedir para parar, ele teria sacado a arma e apontado para a cabeça dela.

Ele teria ainda filmado o ato e enviado o vĂ­deo aos seus contatos por WhatsApp. Ela conta que procurou o hospital no dia seguinte Ă  agressĂ£o. No prontuĂ¡rio da paciente estĂ¡ escrito “hipĂ³tese diagnĂ³stica: violĂªncia sexual”.

“Ele falava diretamente que ele nĂ£o gostava de maiores de 18 anos”, disse uma testemunha.

Para rebater a acusaĂ§Ă£o de que Monteiro filmou relações sexuais com uma adolescente de 15 anos, a defesa diz que o vereador foi induzido ao erro. Segundo eles, em nenhum momento, a menina revelou sua verdadeira idade.

“Conforme afirmado tanto pela menor quanto por sua mĂ£e em sede policial, a mesma suprimiu sua idade real, informando ao parlamentar que na verdade tinha 18 anos de idade”, diz.

Luisa Batista, uma das ex-assessores que relatou assĂ©dio sexual e moral do vereador, porĂ©m, contou em depoimento que ele tinha plena consciĂªncia de que jovens com quem se relacionava eram menores de idade.

“Ele tratava (uma das meninas) como namoradinha dele. Mas todo mundo sabia que era errado, que ela era menor de idade, e que ele, alĂ©m de ser maior de idade, era um parlamentar, nĂ£o podia estar com essa conduta”, disse.

O youtuber e ex-policial militar Ă© alvo de um processo que pode levar Ă  sua cassaĂ§Ă£o na CĂ¢mara do Rio. Ele Ă© acusado de quebrar de vĂ¡rias formas o decoro parlamentar. As acusações incluem supostos casos de assĂ©dio moral e sexual, estupro, manipulaĂ§Ă£o de vĂ­deos e outras condutas. O parlamentar repudia todas as acusações. Atribui essas alegações a adversĂ¡rios que supostamente querem “destruĂ­-lo”.

O relator do caso na Casa, vereador Chico Alencar (PSOL), elencou sete motivos para a cassaĂ§Ă£o de Monteiro. O relator cita: a filmagem e o armazenamento, por Monteiro, de um vĂ­deo de sexo praticado com uma adolescente de 15 anos; a “exposiĂ§Ă£o vexatĂ³ria” de crianças em vĂ­deos manipulados para enriquecimento e promoĂ§Ă£o pessoal; a perseguiĂ§Ă£o a vereadores “com a finalidade de retaliaĂ§Ă£o”. Fala tambĂ©m em quatro denĂºncias de estupro contra o parlamentar.

Alencar cita ainda em seu relatĂ³rio a exposiĂ§Ă£o, abuso e violĂªncia fĂ­sica contra pessoas em situaĂ§Ă£o de rua. TambĂ©m se refere a assĂ©dio moral e sexual contra assessores do vereador. E aponta o uso de servidores do gabinete do parlamentar para a atuaĂ§Ă£o em sua empresa privada. Esse fato constitui, em tese, crime de peculato. Ele ocorre quando servidor se apropria indevidamente de verba pĂºblica.

Os advogados Sandro Figueiredo, Pedro Henrique dos Santos e Gustavo Lima, que representam Monteiro, reafirmaram que seu cliente Ă© inocente. Segundo eles, o parlamentar Ă© vĂ­tima de um conluio organizado por empresĂ¡rios denunciados pelo vereador por condutas ilegais. Seriam de uma suposta “mĂ¡fia do reboque” de veĂ­culos do Rio.

Em alegações finais apresentadas na quarta-feira, 10, os advogados afirmaram que “as ações do parlamentar enobrecem” a CĂ¢mara Municipal.

“Monteiro fiscalizou e fiscaliza, agindo sempre em defesa dos mais pobres, o que causa a revolta de poderosos que diuturnamente enriquecem Ă s custas de uma populaĂ§Ă£o que trabalha de sol a sol na tentativa de garantir uma melhor qualidade de vida para si e sua famĂ­lia”, afirmaram os advogados do vereador.