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A desembargadora Conchita Toniolo (Foto: TJPR)

A desembargadora Conchita Toniolo, primeira mulher a ingressar na magistratura do Paraná por meio de concurso público, em 1966, dará nome a um jardine-te no bairro Campo Comprido. A decisão é da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), que nesta segunda-feira (6 de outubro) aprovou, em primeiro turno, um projeto de lei de autoria do vereador Pier Petruzziello (PP) que presta a homenagem póstuma.

Conchita faleceu em 9 de janeiro de 2024, aos 91 anos de idade. Ela foi desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), cargo ao qual foi alçada em 2002. Sua trajetória foi marcada pela superação de dificuldades e o pioneirismo na magistratura.

Venho a esta tribuna para defender um projeto que carrega em si não apenas a formalidade de dar o nome ao logradouro público, mas o peso da história, a força e o exemplo transformador da Conchita Toniollo”, destacou o autor. O vereador afirmou que a homenageada cresceu em uma família humilde, “enfrentando privações que poderiam ter apagado seus sonhos”. “Mas não, ela transformou as dificuldades em combustível para sua determinação. Estudiosa, dedicada, mas sem condições financeiras, encontrou nas sobras de lápis coloridos a ferramenta para seguir seus estudos”, pontuou. 

A coragem de Toniollo, lembrou Pier Petruzziello, também ficou marcada em sua trajetória pessoal. “Mãe de duas meninas, desquitada em uma época em que o preconceito pesava ainda mais sobre as mulheres, ela nunca desistiu de lutar por um futuro melhor. Em 1964, formou-se em Direito. Logo depois, em 1966, conquistou a aprovação em concurso público e entrou para a magistratura. Foi a primeira mulher do Paraná a ingressar na carreira de juíza por concurso público, quebrando tabus, abrindo portas para tantas outras mulheres que vieram depois”, discorreu o responsável pelo projeto de lei. 

Conchita Toniollo passou por várias comarcas do Paraná e, em cada uma delas, deixou seu legado. “E como ela mesmo gostava de dizer, quando eu saía de uma comarca, o asfalto chegava. Em 2002, coroando sua carreira, chegou ao cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, onde se aposentou compulsoriamente, aos 70 anos, mas deixando um exemplo que permanece vivo”, completou. 

“Ela não apenas mudou a própria história, mas também pavimentou caminhos para as mulheres no Judiciário e inspirou gerações a acreditarem na transformação pelo conhecimento”, finalizou o parlamentar. Ainda na discussão da proposta em pauta, Petruzziello frisou o avanço das mulheres nos espaços de poder, tanto na vida pública quanto na iniciativa privada.

Biografia

Conchita Toniolo, filha de Julio Toniolo e Cassilda Seeling Toniolo, nasceu no dia 3 de dezembro de 1932, em Curitiba (PR). Bacharel pela Faculdade de Direito de Curitiba, turma 1964.

Iniciou sua carreira na magistratura como juíza substituta no dia 12 de junho de 1966, na comarca de Sengés, sede da Seção Judiciária que abrangia as comarcas de Jaguariaíva, Piraí do Sul, Castro, Wenceslau Braz e São Jerônimo da Serra. Aprovada em concurso para juiz de direito, no dia 7 de outubro de 1967 foi nomeada para comarcas de Wenceslau Braz e Rio Negro. Promovida para a comarca de Francisco Beltrão, ali permaneceu até 1973 quando retornou, por remoção, a Rio Negro e em 1979, também atuou na comarca de Campo Largo, pela qual respondeu até 1981.

Por convocação, substituiu no Tribunal de Alçada, em Câmara Cível. Por convocação, duas vezes, substituiu no Tribunal de Justiça, em Câmara Criminal. Em 3 de dezembro de 1993 tomou posse como juíza do Tribunal de Alçada onde exerceu a vice-presidência (2002) e promovida a desembargadora do Tribunal de Justiça, no dia 22 de março de 2002.

Aposentou-se, compulsoriamente, no dia 3 de dezembro de 2002.