Piraquara é reconhecida na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) como o berço das águas. Lá, nascem os mananciais que abastece de água mais de 50% da Grande Curitiba. Mas a cidade cresce, assim como seus problemas, potencializados pelo impedimento de instalação de empresas com potencial poluente.
Esse é o desafio do futuro prefeito, eleito no último domingo. Marcus Maurício de Souza Tesserolli, o Professor Marquinhos (PDT) já foi o vereador mais votado da história do município, justamente na eleiçao anterior. Em 2008 recebeu 2.147 votos, que o credenciaram a ser o candidato em 2012. Marquinhos fez 24.485 votos, e um percentual de 56,17% dos votos válidos.
Descendente de uma família de pioneiros em Piraquara — o tataravô já estava na região antes mesmo do desmembramento de Campina Grande do Sul — o Professor Marquinhos acredita que chegou a sua vez, e que finalmente, Piraquara tem que buscar sua vocação.

Jornal do Estado — Hojem qual é a prioridade de Piraquara?
Professor Marquinhos — Temos que fazer um planejamento sócio ambiental da nossa cidade, que ainda não existe. Piraquara tem que encontrar a vocação dela. E nós entendemos que seja através da própria preservação do meio ambiente. O turismo rural seria uma das alternativas. Mas não é somente isso. Piraquara também é cortada por rodovias que nos torna privilegiados, com acessos fáceis para Paranaguá, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Nós podemos discutir com os órgãos ambientais a viabilidade de instalação de um pólo de empresas que não poluam aproveitando esse entroncamento rodoviário.

JE — E a população, o que espera?
Marquinhos — Hoje, o morador de Piraquara espera é que se tenha uma gestão onde o piraquarense volte a se orgulhar da sua cidade, coisa que há muito tempo não acontece. Temos muitos moradores que moram na divisa com Pinhais que dizem que não moram em Piraquara. O morador se envergonha de dizer que mora aqui. Nós vamos resgatar o orgulho do piraquarense.

JE — Mas o que é necessário para isso acontecer?
Marquinhos — O povo é acolhedor, a cidade é linda, maravilhosa, mas hoje ela está descuidada. Está abandonada na questão de infraestrutura urbana. Mas através do resgate do amor próprio do piraquarense nós vamos executar obras mostrando a seriedade do governante. Vamos reconhecer os avanços dos últimos anos, vamos valorizar, tentar ampliá-los, e aquilo que a gente acreedita que não aconteceu, tem que trabalhar para que aconteça, respeitando as pessoas que vieram antes de nós.

JE — E como o senhor vê esse desafio pessoal?
Marquinhos — É um desafio assustador! É arrepiante, digo até. Quando as pessoas me perguntavam se eu não tinha medo de perder a eleição, eu respondia — eu tenho medo é de ganhar (risos). Se eu perdesse, continuava do mesmo jeito. Se eu ganhasse é que eu teria um desafio pela frente. Mas tenho me preparado a cada dia para isso. Tenho estudado, estudado nossa cidade. Chegou a hora de colocar meu jeito de gerenciar, e eu acredito que tem que valorizar muito as pessoas, o grupo.

Saneamento e duplicação com compensação

JE — Piraquara vive praticamente dos repasses ambientais e do FPM. Tem como haver uma compensação maior?
Marquinhos — A forma como é gerido os impostos tem que mudar. Algumas cidades, com todo respeito a elas, ganham para poluir, revem para ter indústrias, e nós não ganhamos o suficiente para preservar. Essa visão é que tem que mudar, mas não a nível de Piraquara, de Estado, mas a nível de Brasil. Temos que olhar com mais cuidado como atender estas cidades com potencial de preservação iguais Piraquara. Mas isso não acontece de uma hora para outra, mas será uma obrigação nossa essa reivindicação.

JE — E o Estado?
Marquinhos — Hoje nós não temos 100% do esgoto tratado. É uma preocupação. Piraquara que manda toda a água para Curitiba não ter 100% do esgoto tratado. É uma coisa que preocupa toda a RMC. Temos também o complexo prisional, que gera algum emprego, claro, mas poderíamos ter outra compensação, como a duplicação da Rodovia João Leopoldo Jacomel. Antes da eleição eu conversei com o José Richa Filho (secretário de Estado de Infraestrutura e Logística), e falei para ele que a ajuda que a gente gostaria do governo do Estado é com relação à infraestrutura, principalmente com a duplicação. Saneamento e duplicação. A gente não pede muito. A gente só pede o que é de direito. Nós estamos fazendo a nossa parte.

JE — E a relação da RMC e Curitiba?
Marquinhos — A RMC existe e cresceu porque Curitiba cresceu. A RMC depende de Curitiba. Mas Curitiba também não anda sem a RMC. Têm que andar de mãos dadas. (MA)