São exatamente 20h45 em Pequim (9h45 em Brasília). Tatyana Lebedeva vai dar seu último salto no Estádio Nacional da capital da China, o Ninho do Pássaro. Maurren Maggi lidera a prova com 7,04m e nem quer ver o salto. A russa – que saltou 6,97 no primeiro e depois queimou todos – voa. Cai, não se emociona. Apenas espera, apreensiva, o resultado – saltou 7,03m.

Maurren grita: “É ouro, é ouro” e corre para abraçar e chorar nos braços do técnico Nélio Alfano Moura, pega uma bandeira do Brasil, uma bandeirinha da China e dá uma volta olímpica. Uma não, duas, tamanha a emoção. “Queria muito ouvir o Hino Nacional. Acho que muita gente perdeu o horário de escola hoje no Brasil, é muito gostoso saber que tem gente torcendo por você. Esta medalha não é só minha, é do Nélio, de muita gente que me apoiou”, diz.

Foi a primeira medalha de ouro invidual de uma brasileira em Jogos Olímpicos.
Maurren não se envergonha em falar do seu doping em 2003, que afastou a atleta dos Jogos Olímpicos Atenas 2004, na Grécia. “Foi uma fatalidade. Fiquei fora quase três anos, não sabia se ia dar certo. Mas deu. As coisas foram acontecendo devagar, eu não imaginava estar aqui hoje com a medalha de ouro”, afirma.

E já começa a imaginar a importância do seu feito. “Ainda não caiu a ficha desta medalha, mas eu sempre quis ser espelho. E hoje sou espelho para o Brasil inteiro, com esta medalha inédita de ouro no peito”, revela.

Não tem entrevista que Maurren dê que não mencione a filha Sofia, de 3 anos e meio: “Ela teve uma importância muito grande na minha recuperação. Quando eu vim para Pequim, ela pediu para eu ficar, mas eu disse que ia levar uma medalha”.