Atuando de forma soberba, a equipe feminina do Brasil calou o Ginásio da Capital da China, lotado com cerca de 13.000 pessoas, e despachou ontem as chinesas por 3 sets a 0, parciais de 27/25, 25/22 e 25/14 pela semifinal dos Jogos Olímpicos Pequim 2008. É a primeira vez que a seleção feminina de volêi chega à final olímpica. No sábado, às 9h (de Brasília) o Brasil enfrenta os Estados Unidos em busca da inédita medalha de ouro. O time chega à decisão com a melhor campanha entre todos os participantes, sem perder um set em seis partidas disputadas.
O técnico José Roberto Guimarães exaltou a performance de suas comandadas na partida. “Pela primeira vez na história, o vôlei feminino do Brasil chega a uma final olímpica. É um motivo de orgulho muito grande vencer a forte equipe da China dentro de casa. Começamos nervosos no primeiro set, mas acalmamos e passamos a concluir melhor as jogadas. Foi uma grande exibição. Todos os fundamentos funcionaram muito bem. Quero parabenizar todo o grupo. Agora é pensar nos Estados Unidos”, comentou.
A atacante Mari, que esteve presente nos Jogos Atenas 2004, na Grécia, quando o Brasil foi eliminado pela Rússia nas semifinais, garante que o trauma daquela derrota é coisa do passado. “O passado ficou para trás. Só penso em jogar bem e fazer meu melhor. Não posso estar pensando em redenção, aquilo tudo já passou. Há uma guerreira dentro de mim. Sempre acreditei no meu potencial. Treinamos muito para alcançar esse objetivo. Dificilmente alguma equipe treina mais do que nós. Fizemos história”, comemorou.
Paula Pequeno, maior bloqueadora da competição até o momento, quer fechar os Jogos com chave de ouro. “Estamos vivendo um momento mágico, muito especial, e queremos aproveitá-lo ao máximo. Sabemos que a história que nós escrevemos não está completa. Falta o ponto final. Estar na história por ter conquistado um resultado histórico é bom, mas não nos basta”, destacou.
O Brasil entrou em quadra com Paula Pequeno, Fofão, Mari, Sheilla, Walewska, Fabiana e Fabi, de líbero. Embalado pelos gritos da torcida, o confronto começou tenso para a equipe comandada pelo técnico José Roberto Guimarães. Cometendo alguns erros, o Brasil teve dificuldades para acertar o passe. Com isso, a China abriu vantagem, ficando na frente até o 17º ponto. Até que o saque balanceado de Walewska quebrou a recepção chinesa. A partida seguiu indefinida, com grande alternância no placar. O Brasil chegou a salvar dois set points da China até fechar o primeiro set em 27/25.
A vitória encheu a equipe de moral. As jogadas fluíam com facilidade e a capitã Fofão variava bem o jogo. Com uma linda bola de segunda, a levantadora abriu 6/3 para o Brasil. O ataque funcionava em todos os setores, a defesa dificultava os pontos adversários e o bloqueio crescia para cima do ataque chinês. A seleção levou a vantagem até o 18º ponto. A virada da China inflamou o ginásio, porém a equipe nacional mateve os nervos no lugar, retomando a liderança e vencendo o set por 25/22.
O terceiro set foi uma exibição de gala do Brasil. Sem dar chance às adversárias, as brasileiras se aproveitaram dos erros da China e cresceram na partida. Paula Pequeno, Sheilla e Mari pelas pontas, além de Fabiana pelo meio, afundaram a defesa chinesa. A equipe jogava com alegria e raça. Em certo momento, o estádio aplaudiu a vontade demonstrada pelas atletas na busca por uma bola perdida. A equipe abriu larga vantagem, administrando o placar até o fim e fechando o jogo em 25/14. A partir daí, o ginásio era só das brasileiras, que comemoraram muito a histórica classificação para a final dos Jogos Olímpicos.