Na tarde desta quarta-feira (6), os tapetes do Beijing Muxiyuan Sports Technique School estavam quase vazios. Apenas o de número três tinha atividade. Era a brasileira Rosângela da Silva Conceição, a Zanza, única brasileira nas Lutas de Pequim 2008, treinando com o técnico Roberto Leitão. Dali, ela saiu rápido para pegar logo o ônibus de volta para a Vila Olímpica – a idéia era correr ainda durante o dia. Tudo para estar pronta no dia 17 de agosto, único dia das lutas da categoria livre. “Espero poder fazer tudo que treinei”, diz Zanza.
A tabela só será conhecida na véspera, mesmo dia da pesagem, que depende do sorteio. “Existem algumas possibilidades de caminhos muito difíceis e outros difíceis”, conta com boa dose de bom-humor. Zanza explica que sua categoria é uma das que têm menos lutadoras. “São 16 apenas meninas. É um funil terrível porque todas são muito boas”, analisa.
Mas a brasileira diz que sabe o que a espera. Os últimos meses disputando diversos torneio mostraram a ela como se comportar. “Todas vivem disputando os mundiais. Com o tempo, percebi que cada continente tem um estilo de luta”, destaca. Isso quer dizer que a tática tem de ser mudada de acordo com a luta da vez. “Não funciona se repetirmos o estilo em todas. Não é assim que funciona.”
As sessões feitas em Pequim são apenas para manutenção. A parte mais dura da preparação física já foi feita. “Nesses últimos dias estou me dedicando à tática e à técnica”. Enquanto isso, Zanza se concentra, sente o frio na barriga normal dessas situações, mas se diz tranqüila.
Ela se sente uma vitoriosa em ser, aos 35 anos, a primeira brasileira a chegar a uma edição dos Jogos Olímpicos nas lutas. E embora não esconda que quer aproveitar a viagem para conhecer Pequim, não se desvia da competição. “Na hora do ‘vamo vê’ é para ver. Não faço nada por fazer. Para um atleta, estar nos Jogos Olímpicos é como chegar à faculdade. E conseguir uma medalha é como se fosse a formatura em medicina”, finalizou.