Para avaliarmos a nova gestão que está por assumir os rumos federativos do Brasil, precisamos fazer uma abordagem prática sobre o tema, especialmente a curto e médio prazos, mas sem perder a esperança a longo prazo.

Vou explicar por que penso assim. Trabalho há mais de 21 anos com Comércio Exterior, sendo os últimos 15 anos à frente da Victoria Advisory. Portanto, atuo intensamente na análise e rotina de importação e exportação. A Victoria Advisory foi criada quando o Brasil estava na segunda gestão do então governo Lula. Passei ainda pelos dois governos de Dilma Roussef e isso não foi fator para que meus clientes parassem de estar atentos às oportunidades de seus segmentos e, muito menos, para encerrarem os seus negócios.

Não vou afirmar que como cidadãos devemos fechar os olhos para o que esta por vir. É fato que o novo governo se arvora em ideias com maior participação do Estado na vida prática da sociedade e isso, a longo prazo, pode criar um contingente dependente e uma aristocracia que viverá escorada nesta máquina estatal. A sociedade se entorpecerá e a máquina cuidará de manipular a massa dependente.

Como dizia o escritor russo Lev Tolstoi: uma sociedade não pode mudar sem alterar as suas bases morais. Penso que isso é um exercício de reflexão individual e é necessário estarmos alicerçados sobre dogmas mais perenes. Mas esta é uma busca individual de cada cidadão e começa no seio de sua família e longe dos barulhos das massas. É como plantar pés de castanheiras. Obviamente, os frutos destas árvores não virão tão cedo, planta-se pensando em futuras gerações.

Mas voltemos à pauta econômica. Digo que devemos nos ater ao pragmatismo da visão de cada dia, identificando demandas a médio e curto prazos. Por exemplo, em dezembro temos o custo do frete internacional menor, além de um nível de custo de matéria-prima também reduzido. Isso em meio ao alto valor inflacionário recentemente observado. Há linhas de créditos disponíveis no mercado para bons projetos em alguns segmentos. Por isso, estar atento às oportunidades é ter sempre a esperança de um raiar de um novo dia. Às vezes as soluções são mais simples que pensamos e o que acaba movendo nossos negócios é o humilde sentimento de estarmos fazendo nosso melhor. Tempos adversos servem para dar a robustez devida aos negócios a longo prazo, assim como uma castanheira de 500 anos.

*Vinícius Lisboa – é consultor internacional e CEO da Victoria Advisory