O Paraná detém o quarto maior PIB industrial do Brasil, com uma arrecadação que representa cerca de 8% do total do PIB industrial nacional. Além disso, o estado conta com uma produção diferenciada, voltada para o setor alimentício, que representa 28% do PIB industrial estadual e o que tem mais peso na indústria.
Neste cenário, para manter a competitividade e buscar a ascensão, o setor de alimentos e bebidas paranaense precisa estar atento às novidades e desafios da Indústria 4.0. A quarta revolução industrial é um marco na produção mundial da mesma magnitude que a primeira revolução na indústria, no início do século 20. Na época, foi possível aumentar a produção de garrafas, por exemplo, de 100 unidades por hora para 10 mil unidades.
Mas, qual a grande sacada desse novo modelo para a indústria paranaense? O ponto crucial da Indústria 4.0 é a conexão entre máquinas, sistemas e pessoas ao processo produtivo, com a análise e o controle constante de toda a cadeia produtiva. Esse modelo de produção faz com que máquinas troquem informações entre si, disponibilizem dados a uma grande base, que, por sua vez, deve ser capaz de tomar decisões autônomas ou de forma gerencial. Como benefícios, traz economia de energia e insumos, com a consequente redução de custos operacionais e diminuição de desperdícios.
Outras vantagens da Indústria 4.0 para o setor de alimentos e bebidas do estado são o monitoramento a distância e a possibilidade de executar a manutenção remota de equipamentos e melhores controles de segurança no chão de fábrica. A tecnologia embarcada nesse novo modelo de produção ajuda a identificar zonas de perigo e conduzir as medidas de segurança necessárias.
Os equipamentos também podem ser programados para identificarem limites críticos e fazerem os devidos contingenciamentos, evitando quebras e melhorando seus processos. Tudo isso se traduz em uma linha de produção mais segura, produtiva e de maior qualidade. A economia em custos de manutenção de equipamentos, com o advento da Indústria 4.0, segundo a McKinsey, pode ficar em torno de 10 a 40%, até 2025.
Na Indústria 4.0 é possível ainda monitorar de maneira contínua, automatizada e segura a produção através do controle dos processos. Os dados gerados por essa abordagem tornam mais fácil do que nunca monitorar a produção e garantir que os itens sejam entregues e rotulados de maneira mais apropriada em consideração aos alimentos perecíveis, respeitando prazos de validade.
O controle dos processos em tempo real também permite obter flexibilidade e agilidade para atender mudanças nos cronogramas de produção. Sabendo de uma demanda menor ou de alguma quebra na safra de insumos, pode-se, por exemplo, reorganizar rapidamente a produção. É possível ainda melhorar a distribuição e a utilização de recursos, e otimizar fluxos de trabalho para aumentar a produtividade.
Os requisitos de compliance do mercado global também são melhor atendidos no modo de produção 4.0, pois nele o compartilhamento de informações sobre os produtos é facilitado e a transparência sobre os processos, aumentada. Com uma estrutura totalmente integrada, na Indústria 4.0, falhas, anormalidades ou desvios na linha de produção ou até mesmo na estrutura corporativa ficam mais fáceis de detectar. Todas as informações sobre os alimentos – desde o seu plantio -, e bebidas em toda a extensão da cadeia produtiva ficam disponíveis aos envolvidos de forma automatizada.
Para o consumidor, o modelo de produção 4.0 vai disponibilizar informações completas dos produtos. Pelo código da embalagem, por exemplo, será possível saber de onde veio a matéria prima, como foi transportada, como se transformou em produto final e como chegou até o ponto de venda.
Desafios — O maior desafio dos gestores do setor de alimentos e bebidas do estado neste momento é o de ser proativo com as mudanças. Aqueles que mais cedo aderirem à Indústria 4.0 serão os que mais cedo colherão todas as vantagens dessa nova forma de produção. É preciso também investir em parcerias, novos equipamentos e na capacitação das equipes. Além de softwares e processos atualizados é preciso ter pessoas em condições de analisar de forma avançada a enorme quantidade de dados disponibilizados pela Indústria 4.0, para tirar dela todas as suas vantagens.
A maior certeza que temos no momento é que este é um caminho que seguirá adiante. E o setor de alimentos e bebidas do Paraná precisa encontrar seu rumo para continuar crescendo e se desenvolvendo.
Alessandro Nunes é diretor de Serviços da Teclógica