Em dezembro de 2022, as Nações Unidas realizaram em Montreal, no Canadá, a Conferência das Partes da Biodiversidade, a chamada COP-15. E a JTI (Japan Tobacco Internacional) levou dois cases relacionados ao tema para apresentação no evento, baseados em sua relação com o Instituto LIFE, uma organização da sociedade civil concebida para incorporar os compromissos da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica na agenda empresarial. O Instituto é membro da Parceria Global para Negócios e Biodiversidade e membro fundador da Iniciativa Brasileira para Negócios e Biodiversidade. Participa com os parceiros de todas as COPs da Biodiversidade.
Na primeira apresentação feita pela JTI foi abordada a contribuição ao Target 15 da Conferência, que diz respeito a como as empresas devem gerenciar os impactos de sua cadeia de suprimento. Enquanto ainda se discute esse target, a JTI apresentou como já avaliou o impacto de seus mais de 10 mil produtores integrados e como isso resultou em ações direcionadas de mitigação, que resultaram em maior conservação ambiental, causando uma excelente impressão aos presentes.
As ações de mitigação, que também foram apresentadas, referem-se ao Programa Conexão Araucária e o JTI Bio, ambas realizadas em parceria com a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental). No Conexão Araucária, foram restaurados mais de 300 hectares de áreas de preservação permanente em propriedades de produtores integrados à empresa e áreas de parques nacionais, como a Floresta Nacional de Irati. Já o JTI Bio, é um programa estruturado de produção de biodiversidade nas propriedades dos produtores integrados, que recebem orientação para identificar, monitorar e incrementar a biodiversidade nas suas propriedades.
Num segundo momento, apresentou-se a trajetória da empresa ao longo de seis anos de parceria com o Instituto LIFE para mapeamento de impactos ambientais e o lançamento da Coalizão LIFE, um grupo de empresas associadas ao LIFE que terão uma maior oportunidade de troca de experiências e boas práticas para mitigar os impactos negativos relacionados à atividade negocial – pegada de carbono, uso de água, geração de resíduos, ocupação de área e uso de energia.
É fundamental que as empresas conheçam seus impactos ao meio ambiente. E uma boa parte das corporações já realiza esse monitoramento e desenvolve ações de redução de impacto. Mas, como saber quão grande é o impacto do negócio na natureza? Mesmo realizando medições, há, ainda, a necessidade de também medir os efeitos das ações realizadas pela empresa que resultam em conservação da natureza – os impactos positivos, e chegar-se a um balanço de impactos. Esse balanço ajuda a empresa a planejar investimentos assertivos que levem a um melhor retorno de negócio e de conservação. Muitas vezes, sem esses parâmetros, a companhia pode investir em ações que despendem muito investimento, mas o retorno ecológico é baixo e poderia investir melhor o orçamento para obter maior retorno ambiental.
Portanto, vale dizer que todas as ações desenvolvidas pela JTI para a conservação da biodiversidade nas propriedades dos seus produtores integrados são também registradas como impacto positivo à natureza e servem também de mitigação aos impactos resultantes da ação negocial, já que qualquer atividade negocial gera um impacto na natureza.
A empresa já estuda a certificação das suas atividades baseada na metodologia LIFE, que é reconhecida pelo CBD – organização das Nações Unidas para a biodiversidade, como forma de reconhecimento para todos os esforços empresariais para a conservação da natureza, demostrando que a indústria não é mais danosa que qualquer outra e ainda é comprometida com a mitigação dos seus impactos.
Nossa participação na Conferência representou um marco importante no relacionamento com diversas partes interessadas, como membros do governo brasileiro, incluindo a representação do novo governo, com membros da sociedade civil, empresas, comitês e associações. Todos estavam presentes e reuniram-se em diversos momentos em eventos paralelos dentro da Conferência para discutir sobre as apresentações e as propostas do Governo Brasileiro para a COP.
Além disso, ficou claro para mim que as empresas têm um papel fundamental na agenda da conservação e que, cada vez mais a pauta ambiental entrelaça-se com a pauta social – houve discussões sobre biodiversidade e gênero, por exemplo. Neste sentido, uma estratégia de ESG precisa de atenção e foco, para que continuemos a progredir nas discussões, e fundamentalmente nas ações, que levem a nossa sociedade a um patamar sustentável.
*Flavio Goulart é diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação JTI