Pelas Ăºltimas pesquisas divulgadas sobre a eleiĂ§Ă£o para presidente e governadores deste ano, temos a impressĂ£o que a corrida eleitoral jĂ¡ chegou. Para presidente, Lula e Jair Bolsonaro lideram a intenĂ§Ă£o de votos. Sem Lula na disputa, o que parece ser cada vez mais provĂ¡vel, Jair Bolsonaro assume a liderança, seguido por Ciro Gomes. Para governador no ParanĂ¡, Ratinho Jr. lidera seguido por Osmar Dias. Em SĂ£o Paulo, JoĂ£o DĂ³ria e, logo atrĂ¡s, Celso Russomano. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes estĂ¡ na frente.

Na dĂ©cada passada, a divulgaĂ§Ă£o das pesquisas de intenĂ§Ă£o de voto era tema polĂªmico entre jornalistas, cientistas polĂ­ticos e polĂ­ticos. As discussões eram sobre a definiĂ§Ă£o de um perĂ­odo mĂ­nimo para a divulgaĂ§Ă£o de pesquisas, a transparĂªncia das informações para a compreensĂ£o correta dos resultados divulgados e se a divulgaĂ§Ă£o das pesquisas no perĂ­odo prĂ©-eleitoral influencia a decisĂ£o do eleitor.

Por um lado, essa polĂªmica serviu para garantir e defender a livre divulgaĂ§Ă£o de prĂ©vias eleitorais. Como estamos em um Estado DemocrĂ¡tico de Direito, os cidadĂ£os/eleitores tĂªm garantido o direito bĂ¡sico Ă  informaĂ§Ă£o e ao conhecimento sobre quem sĂ£o os aspirantes a cargos eletivos. Este Ă© o papel das pesquisas.

Mas estudos relativos Ă  opiniĂ£o pĂºblica mostram que, depois de divulgadas, as pesquisas podem causar dois efeitos sobre a decisĂ£o do eleitor. O primeiro Ă© o bandwagon effect, em que a pressĂ£o da opiniĂ£o da maioria leva eleitores indecisos a optar pelo candidato que estĂ¡ em primeiro nas intenções de votos. O segundo Ă© o underdog effect, em que o candidato pior ranqueado nas intenções tende ficar com a intenĂ§Ă£o de voto do eleitor. HĂ¡ tambĂ©m o efeito chamado voto Ăºtil, em que o eleitor escolhe uma segunda opĂ§Ă£o para nĂ£o perder o seu voto e, como critĂ©rio, escolhe entre os candidatos que estĂ£o na frente nas pesquisas.

É pertinente pensar tambĂ©m se estas Ăºltimas pesquisas divulgadas sobre os aspirantes a cargo de presidente e de governadores retratam mesmo as opções que o eleitor brasileiro enxerga neste momento. Maxwell McCombs e Donald Shaw, estudiosos sobre a opiniĂ£o pĂºblica, argumentam que a intenĂ§Ă£o de voto captada pelas pesquisas de opiniĂ£o reflete, por um lado, as informações que ocupam a pauta na agenda da mĂ­dia e, por outro, sĂ£o resultado do bate papo que os eleitores mantĂªm sobre a corrida eleitoral.

Estamos a cinco meses do pleito eleitoral e Ă© notĂ³rio que o assunto ainda nĂ£o predomina na agenda da grande mĂ­dia e tambĂ©m estĂ¡ distante da rotina pessoal do eleitor brasileiro, que vĂª com grande desconfiança os partidos e os polĂ­ticos do paĂ­s. Portanto, o que as pesquisas vĂªm mostrando atĂ© esse momento nĂ£o vai alĂ©m de pura especulaĂ§Ă£o.

 

Artigo assinado por Doacir Gonçalves de Quadros Ă© professor do curso de CiĂªncia PolĂ­tica e do mestrado acadĂªmico em Direito do Centro UniversitĂ¡rio Internacional Uninter