Me chamo Juliane, tenho 37 anos e sou mãe de uma criança autista de 04 anos.
Eu não pedi por um filho autista, e, logicamente, não sabia que seria mãe de um filho autista. O autismo entrou na minha vida como um furacão, mas na vida nós nem sempre ganhamos o que queremos só porque achamos que merecemos. Nós recebemos um filho autista e como mãe passamos a amá-lo com toda a alma, mesmo diante de um diagnótico desconhecido para nós como foi o meu caso. Hoje dois anos depois, eu digo com leveza que o autismo transformou a minha vida em vários aspectos e este processo continua.
Arthur resultou no melhor mentor que eu pudesse ter na vida. Com ele tive a chance de observar as diferenças entre os seres humanos, entendê-las e apreciá-las. Sem ele, com Certeza, estaria vivendo dentro de uma caixa.
Nunca estive tão bem desde que me desapeguei de (pré) conceitos, depois que aceitei meu filho incondicionalmente. Como eu queria que todos os pais de autistas passassem por essa experiência: a da paz. Paz com o autismo. Paz com tudo que é diferente. Respeito pela essência do ser humano.
Quando eu iniciei essa jornada com meu filho, eu pensava que iria salvá-lo, mas, na verdade, foi ele quem me salvou. Fui salva dos meus preconceitos e do meu parco entendimento do que era necessário para ser feliz e ter sucesso na vida. Eu que sempre fui tão perfeccionista passei a ver a vida sob uma nova perspectiva, a do amor, carinho e aceitação.
Durante a minha jornada descobri que:
- O autismo não é uma doença, tampouco um defeito, mas sim um processamento neurobiológico-sensorial diferente;
- O autismo não é o fim do mundo, mas sim um novo começo;
- O autismo não define meu filho;
- A paciência e consistência sempre compensam;
- Meu filho pode aprender, só é preciso aprender como ensiná-lo;
- Não existe certo ou errado no autismo, existe o que dá certo ou errado para cada um;
- O mundo muda, as pessoas mudam, e as pessoas com autismo mudam também.
Sem meu filho, acredito que não teria ampliado minha maneira de perceber e admirar o mundo. Podemos aprender com outras pessoas, mas o melhor aprendizado é a própria experiência.
A priori, ninguém deseja em uma gestação ter um filho autista, mas ter um filho no espectro é uma viagem de desafios e descobertas que eu não teria perdido “por nenhum ouro do mundo”.
Para enfrentar esse desafio, a teoria dos 5 A’s me fez forte e me preparou:
ACEITA – não lute contra a nova realidade, encare de frente o que está acontecendo; APRENDE – aprenda o quanto mais o que você precisa saber sobre a nova realidade – faça cursos, leia a respeito e se informe, a informação é uma poderosa arma para enfrentarmos qualquer desafio;
ADAPTA – hora de fazer o trabalho prático, arregaçar as mangas e se adaptar aos novos horários e compromissos;
AVANÇA – nesse mundo novo tem infinitas possibilidades esperando por você e pelo seu filho, acredite eles podem tanto, e por fim
AGRADEÇA – Deus te confiou e preparou esse caminho pra você, então seja grato.
A vida me deu um grande desafio e eu aceitei e transformei em minha maior felicidade. Não trata-se de romantizar ou dramatizar o assunto, mas sim em ser realista e otimista, ou como o ditado diz – se a vida te der limões faça uma limonada – e eu fiz a minha no capricho.
*Juliane Feitosa Sanches de Souza, mãe e advogada associada ao Pereira Gionédis Advogados