Dia da mentira (Foto: Franklin de Freitas)

As pessoas mentem por vários motivos é um comportamento social aprendido desde a infância. Mentir é um processo psicológico pelo qual um indivíduo deliberadamente tenta convencer outra pessoa a aceitar aquilo que o próprio indivíduo sabe que é falso, em benefício próprio ou de outros, para maximizar um ganho ou evitar uma perda. Podemos mentir por inúmeras razões, como para proteger-se de situações difíceis, evitar ferir os sentimentos dos outros, impressionar os outros, fugir de responsabilidades, questões relacionadas a crimes, manter as aparências, não magoar os outros, evitar frustrações ou medo, entre outros.

Quando a mentira se torna compulsiva, pode ser um sinal de um distúrbio de personalidade conhecido como mitomania. A mitomania é uma doença que se caracteriza por uma tendência incontrolável para mentir. Mentir com frequência pode diminuir a autoestima e a autopercepção, está diretamente relacionado a fuga da verdade, pode acarretar “custos psicológicos”. A mitomania é uma doença psíquica que torna o portador um mentiroso compulsivo, a pessoa considerada uma mentirosa patológica chega a se perder nas próprias mentiras, causando problemas de ordem social, psicológica e até legal.

A mentira pode interferir na capacidade de julgamento das situações de modo racional, impactando negativamente a vida em sociedade, causando danos como: ansiedade, angústia, tristeza, depressão, ocasionando prejuízo e sofrimento relevante e significativo. Estima-se que uma conta em média, três mentiras durante uma conversa de 10 minutos. Assim como, que 80% das pessoas mentem na internet.

As mentiras podem ser fisiológicas, que são histórias criadas sem má intenção, como para consolar alguém, elevar a autoestima ou sair de uma situação embaraçosa, ou patológicas, que são histórias criadas em proveito próprio e que prejudicam terceiros. Ou ainda, compulsivas, que podem estar ligadas a fatores psicoemocionais como ansiedade, medo, insegurança e frustração.

Por fim podemos diferenciar mentiras de fantasias, a fantasia é uma forma de ver o mundo, enquanto a mentira é uma negação da verdade. A fantasia é uma forma de lidar com a realidade, é uma “viagem” para um mundo paralelo na crença de que é possível modificar o ambiente exterior através dos pensamentos, é uma forma de ver o mundo, em especial pelas crianças. Já a mentira é uma trapaça, um comportamento negativo e antiético, é como dizer que o errado é o certo.

A mentira na infância pode ser um caminho para que as crianças se sintam mais seguras, está relacionada com situações difíceis, como evitar punições ou ganhar recompensas, ou ainda para buscar mais atenção. Quando a criança mente, é importante conversar com ela, dizendo que ela não está falando a verdade e, dando recursos e tempo para que ela consiga refazer a situação. É interessante que “ataque” este comportamento o quanto antes.

*Ronaldo Rangel é psicólogo e professor na Estácio Curitiba