Que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) nem sempre dão os resultados que opinião pública deseja, todo mundo sabe. Mas nos últimos tempos, pelo menos em Brasília, estas comissões têm derrubado esquemas grandes de corrupção e incomodado muita gente, além do serviço de esclarecimento que acaba prestando à população. Portanto, têm sido muito úteis dentro do que a questionável moralidade política permite. Por aqui, no Paraná, mais precisamente na Assembléia Legislativa, a última a CPI que “vingou” foi a do Narcotráfico, em 1998, que derrubou alguns chefes da Segurança Pública. As demais têm sido mais instititucionais. Mas não se pode perder as esperanças e confiar mais uma vez no Legislativo. A bancada de oposição na Assembléia Legislativa conseguiu na segunda-feira a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as suspeitas de envolvimento do governo Requião no esquema de escutas telefônicas clandestinas operado pelo policial civil Délcio Rasera. O policial – que trabalhava na Casa Civil do Palácio Iguaçu – foi preso na terça-feira da semana passada pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC) sob a acusação de liderar uma quadrilha que “grampeava” os telefones de empresários, políticos e autoridades. Ele mantinha pelo menos três escritórios de espionagem, sendo que em um deles, foi encontrado além de equipamentos de escuta, um arsenal de armas que incluía cinco fuzis, entre eles um AR-15. Algo grave que precisa ser apurado, seja para eliminar dúvidas ou aumentá-las. Pena que só saberemos mais depois das eleições, já que a Assembléia entrou em recesso ontem por conta das eleições. Coincidência ou não, uma decisão nada democrática.