Mais um ano caminha para o fim e o Brasil ainda patina, e muito, nas armadilhas do poder e nas brechas que acabam por desviar o verdadeiro destino do dinheiro público — que beneficia poucos, enquanto a maioria sofre com necessidades básicas ignoradas pela sucateada e sugada administração pública. Enquanto falta verba para o combate à dengue, para a compra de remédios especiais, para a construção de novos hospitais, para a contratação de policiais, sobram para alguns salários de certas pessoas. È uma balança de desigualdade que parece cada vez mais pender para um mesmo lado.
Reportagem da edição de hoje revela uma destas facetas da desigualdade. São integrantes do governo que, mesmo com salários polpudos, engordam ainda mais seus vencimentos com o dinheiro que recebem como integrantes de conselhos de estatais, como Copel, Sanepar e Mineropar. Esses salários não chegam a ser ilegais, mas nem por isso deixam de ser imorais, como tantas outras situações irônicas das administrações públicas no Brasil. Situações essas que só reforçam as diferenças deste País, que estão nas diferenças sociais, nos salários, na aplicação das leis e das regras, nas tarifas, na educação, na saúde e em todos os cantos.