Um advogado sentenciava que a apuração da responsabilidade e das causas da tragédia no aeroporto de Congonhas (SP) — o maior acidente da aviação brasileira, com um saldo de mais de 180 mortes — pode demorar meses e até anos para sair. No entanto, é necessário transparência na divulgação dos seguros envolvendo o caso para garantir a indenização às famílias.
A preocupação tem sentido, mas fica difícil de afastar um certo embrulho no estômago quando, cruamente, cruzam-se vida e dinheiro. Diante de tantas declarações, é díficil não julgar que houve, sim, mais atenção às cifras que à vida. Afinal, a pista do Aeroporto de Congonhas foi liberada antes de receber o grooving — ranhuras que melhoram a aderência e facilitam a drenagem.
Independente da afirmação dos técnicos de que não havia riscos de derrapagem, a própria Infraero declarou que a pista precisava de tempo para que o cimento assentasse e, aí sim, estivesse apto a receber o grooving. Mesmo que em outros aeroportos as pistas sejam liberadas antes de receber essas ranhuras, era de se esperar um pouco mais de sensatez — até pelo fato de Congonhas ser um dos aeroportos mais movimentados do País. Agora, senhor presidente, é tarde demais para deixar o gabinete e comandar as investigações.