A cor da vida. Esse é o feliz título de uma ampla reportagem da revista Quatro Rodas – edição de maio – sobre a campanha Maio Amarelo, movimento internacional de conscientização e de luta que busca salvar vidas no trânsito. A campanha está em sua quinta edição e mobiliza órgãos oficiais de trânsito, como o Departamento Nacional de Trânsito (Dentran), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e os Detrans estaduais, organizações não-governamentais e a iniciativa privada com vistas a colocar em pauta o tema da segurança nas mais diferentes esferas.
O lema deste ano é “Nós somos o trânsito”. E a reportagem da Quatro Rodas dá visibilidade ao movimento, mostrando diversos aspectos que envolvem a mobilidade urbana, numa reflexão sobre como as atitudes de cada motorista e de cada motociclista podem influenciar o trânsito. Uma leitura que vale a pena.
A campanha do Maio Amarelo foi lançada em 2010 pelas Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. Trata-se de um pacto global que prevê a redução em 50% do número de vítimas no trânsito até 2020. Nos países que aderiram ao movimento ocorre uma ação coordenada entre o Poder Público e a sociedade civil destinada a salvar vidas.
Tudo começou com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a tragédia dos acidentes de trânsito. em 178 países. A OMS contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes nas vias urbanas e rodovias. Mais: cerca de 50 milhões de pessoas que sobreviveram a desastres tiveram sequelas. Segundo o levantamento mundial, os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos. Atualmente, esses acidentes representam um custo de US$ 518 bilhões por ano ou um percentual entre 1% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. Do total de mortes, 90% ocorrem nas estradas de países de baixa e média renda, que detêm apenas a metade da frota de veículos do mundo.
No Brasil, o “Movimento Maio Amarelo” teve início em 2014. Um levantamento do DataSUS, indica que mais de 37,3 mil pessoas morrem todos os anos no trânsito das cidades e das rodovias do País. As principais causas dessas mortes são excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, uso do telefone celular ao volante, falta de cinto de segurança e a terrível combinação de álcool e direção -a embriaguez ao volante.
Em Curitiba, por exemplo, os números de acidentes no trânsito são preocupantes. O excesso de velocidade, o álcool associado à direção e o desrespeito à sinalização viária são os campeões na estatística das mortes. Somente no ano passado, o trânsito matou 178 pessoas na capital paranaense. No perfil das vítimas, jovens entre 20 e 29 anos de idade estão no topo do ranking. Em 2017, a maioria das mortes ocorreu nas noites e madrugadas de sábado e domingo.
Todavia, embora as estatísticas das mortes no trânsito continuem a ser motivo de inquietação, há sinais de que é possível alterar o triste quadro. A realização de campanhas educativas, como o Maio Amarelo, permitiu que houvesse uma redução de cerca de 43% no número de mortes por acidentes de trânsito em Curitiba, de 2011 até o ano passado. A taxa de mortalidade caiu de 17,1 para cada 100 mil habitantes, em 2011, para 9,5 em 2017.
Ao longo deste mês, uma série de atividades está sendo desenvolvida em Curitiba. São ações de conscientização realizadas pelo Detran e pela Prefeitura de Curitiba voltadas para motoristas, motociclistas e pedestres. Na próxima sexta-feira, dia 18, por exemplo, barracas e viaturas na Boca Maldita chamarão a atenção de pedestres e, no dia 22 (terça-feira), será feito um passeio ciclístico. Os motoristas, por sua vez, serão abordados no dia 29 (terça-feira) em pontos da cidade que recebem reclamações frequentes quanto ao comportamento deles no trânsito. Na semana passada houve várias palestras sobre a importância do Maio Amarelo para estudantes universitários.
O apoio da sociedade em geral, e dos motoristas e motociclistas em especial, é muito importante para o sucesso do Maio Amarelo. A meta do movimento, que é a drástica redução do número de acidentes de trânsito nas cidades e rodovias, precisa ser alcançada rapidamente. Não há mais tempo a perder. Afinal, como afirma a Quatro Rodas, “mudar a segurança viária no Brasil é fundamental”.
João Marcelo Gueiros é consultor de educação para o trânsito do IbacBrasil de Curitiba
Artigo