A pandemia de Covid-19, e o consequente isolamento social imposto por ela, que manteve as pessoas em casa durante meses, nos levou a refletir sobre nossas necessidades: será que precisamos mesmo de tudo que temos? Ter mais significa necessariamente viver melhor, ou o essencial basta? Afinal, o que realmente importa na vida? Estamos sabendo fazer as escolhas que nos tornam mais felizes e satisfeitos?
A discussão ganha novos contornos quando nos deparamos com o iminente fim da pandemia, em um futuro próximo, com a população adulta vacinada e sedenta pelo retorno ao pleno convívio social. Após tanto tempo em casa, como será o comportamento das pessoas? Para que o lar vai servir realmente? Acredito que ninguém precisa abrir mão de morar bem, com conforto e dignidade, entretanto não é necessário ter mais do que o essencial para usufruir deste bem-estar.
As melhores coisas da vida não são coisas. Gosto muito dessa frase, porque ela nos faz pensar o que estamos priorizando em nossa vida. Se experiências como viagens, passeios com a família, jantares com os amigos nos trazem mais satisfação que os bens materiais, porque dar prioridade a eles? Será que o ideal não seria buscar primeiro os bons momentos e depois as coisas?
O consultor de negócios e escritor inglês Greg McKeown, no livro “Essencialismo: A Disciplinada Busca por Menos” entrou para a lista de autores mais lidos do New York Times em 2015. A obra aborda os conceitos do essencialismo, método sistemático desenvolvido para entender quais tarefas pessoais ou profissionais precisam, de fato, ser feitas e quais podem ser eliminadas, tornando a execução mais produtiva, leve e objetiva. O essencialismo visa eliminar não somente atividades, mas também angústias trazidas por escolhas e decisões que se tornam desgastantes.
Acredito que um imóvel precisa ser acessível, prático e funcional. Os gastos em moradia, como entrada, parcela, custos de manutenção (condomínio, água, luz) não devem comprometer demais nosso orçamento. Caso contrário, estaríamos deixando de viver as boas experiências da vida e comprando coisas que, não necessariamente, nos deixam satisfeitos.
É possível morar bem em lares pequenos, investindo em organização, criatividade e inteligência na ocupação dos espaços. Com plantas otimizadas, mesas embutidas, camas retráteis, móveis planejados, um imóvel menor pode ser aconchegante, barato e bem localizado.
Quando comecei, 12 anos atrás, obviamente não poderia imaginar esse cenário de pandemia. Contudo, acredito que ele reforça a tese de que as coisas não são o que temos de essencial. Até porque, em um momento tão peculiar da humanidade, não há felicidade maior do que estar bem e com saúde para aproveitar a vida e todas as experiências que ela proporciona, ao ar livre, quando finalmente estivermos livres do coronavírus.
Gustavo Capelup é CEO da Basesul Imóveis Inteligentes, construtora com foco em apartamentos compactos em Curitiba.