A evolução para uma cidade mais inteligente, mais integrada e mais inovadora pressupõe uma visão holística e sistêmica do espaço urbano e a integração efetiva dos seus vários atores e setores. O conceito de cidade inteligente (smart city) parte da perspectiva de que a tecnologia é fator indispensável para que as cidades possam se modernizar e oferecer melhor infraestrutura à população.
Novas tecnologias e aplicativos vêm surgindo com vocação para soluções urbanas. Uma delas é o Uber, aplicativo que vem causando polêmica no Brasil. Atualmente, está em operação nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.
Esta semana, o projeto que proíbe o uso de qualquer aplicativo para o transporte privado remunerado de passageiros foi aprovado por 43 votos. Agora, a decisão de vetar ou não está nas mãos do prefeito Haddad, trazendo à tona questões da livre concorrência e da livre escolha do cidadão. Se aprovado, o projeto manterá o monopólio dos taxistas, não permitindo sequer a discussão da regulamentação do serviço da Uber.
Segundo o Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a permissão do aplicativo seria positiva – tanto para a concorrência quanto para o consumidor.
Os taxistas formam o grupo que mais protesta contra a legalização do Uber. Mas o que dizer de empresas que possuem mais de cem alvarás e cobram diárias absurdas dos motoristas? Será que estes mesmos motoristas não poderiam estar trabalhando com o Uber?
Existe também a discussão se o aplicativo cabe no conceito da chamada Economia Colaborativa, que, de forma simplificada, é o ato de transformar o compartilhamento de objetos entre pessoas (peer to peer) em negócio: se você tem e não está usando, empreste para quem precisa e seja pago por isso.
Carros, casas, garagens, alimentos, serviços, tecnologia, entre outros bens, podem ser compartilhados. A startup curitibana Fleety é um exemplo de empresa que adota o sistema de compartilhamento de carros entre pessoas, como um serviço de locação de veículos dos cidadãos, mas sem o serviço de motorista, o que a diferencia do Uber.
A cidade de Curitiba, que sempre foi uma referência brasileira em inovação na mobilidade urbana, mas ainda não possuí o aplicativo, receberá no dia 3 de dezembro o Diretor Geral do Uber no Brasil, Guilherme Telles. Ele participará de um debate sobre Economia Colaborativa no IV Fórum internacional iCities, que acontecerá no Salão de Atos da Prefeitura Municipal de Curitiba, no Parque Barigui.
No evento, Guilherme deve mostrar que o Uber é um modelo de startup “end-to-end”, que une os motoristas e os pedestres, entrega um serviço a um valor fixo, geralmente abaixo do preço praticado pelo mercado, com uma qualidade superior no serviço e nos veículos utilizados. Ou seja, cria vantagem para os dois lados.
Essa é a tônica dos negócios atuais, onde todo mundo ganha, mas principalmente o usuário do serviço. Querer parar esta evolução é parar no tempo. Ou vamos acabar tornando verdadeira aquela manchete do site humorístico Sensacionalista: “Depois da proibição do Uber, datilógrafos querem o fim do computador”.

André Telles é publicitário, especialista em inovação e co-fundador do iCities