Opinião

Porque o Oscar tem muito mais a ver com pesquisa do que parece

Pedro D'Angelo

Início de ano também é época de expectativa para os fãs de cinema. É entre janeiro e fevereiro que acontece a principal cerimônia de reconhecimento dos melhores filmes do ano que se passou: o Oscar. O evento hollywoodiano, em 2016, acontece no dia 28 de fevereiro.
O que você pode não saber sobre o Oscar é que a premiação tem muito mais a ver com pesquisa do que pode parecer. Não imagina como? Não se preocupe, vamos te explicar por que.
Pesquisar tendências revela insights que norteiam as decisões mais diversas de um negócio. Na hora de realizar um filme em Hollywood isso não é diferente. Quem pensa em ser reconhecido entre os melhores e mais relevantes do ano precisa – e se aproveita – das tendências da época para facilitar o caminho até o topo. Para comprovar a aplicação das pesquisas de tendências na premiação do Oscar, é só reparar nos temas abordados e no barulho que filmes de temáticas atuais fazem, em comparação ao restante.
Atualmente, com o movimento pelo empoderamento feminino e a visibilidade LGBT se destacando como pautas muito relevantes, é possível reparar que os produtores hollywoodianos não deixaram passar batido nenhum desses temas. No Oscar, o que comprova isso é a presença de títulos como o mais recente Mad Max, com sua heroína Furiosa; em O Quarto de Jack, estrelado pela já premiada Brie Larson; e nas indicações recebidas por Carol, drama que mostra o romance entre duas mulheres nos anos 50; e por A Garota Dinamarquesa, em que Eddie Redmayne vive uma transexual.
Também recentemente, na última edição do Oscar, o drama histórico Selma foi um dos mais aplaudidos ao concorrer nas principais categorias da premiação, ao tratar do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O filme pode não ter sido considerado o melhor e não ganhou nenhum dos grandes prêmios da noite, mas chamou atenção por se tratar de um tema tão importante socialmente.
Qualidade conta?
É claro que a qualidade dos filmes conta na hora de escolher os indicados ao Oscar, mas não é só isso que pesa. Você já deve ter pensado: este filme é tão bom, como não está concorrendo?. O que acontece é que o Oscar se parece muito mais com uma eleição do que uma premiação por qualidade, por isso, campanhas e verbas publicitárias pesam muito nos indicados. Os estúdios investem pesado em pesquisas e pré-testes para entender a aceitação do público e escolher quais filmes, atores e atrizes receberão investimentos para concorrer a premiações.
A votação para o principal prêmio do Oscar, o de melhor filme, é realizada de uma forma diferente – que nem todo mundo sabe.
Ao receber a ficha de votação com os oito indicados na categoria, os eleitores da Academia devem ranqueá-los em sua ordem de preferência, do primeiro ao último. Ao analisar os dados das respostas, não ganha justamente quem teve mais votos na posição 1. Na verdade, para vencer, o filme tem que chegar a 51% dos votos, levando em conta uma análise estatística diferente.
Os filmes que tiveram menos votos na primeira posição vão sendo eliminados da corrida na contagem dos resultados e, a partir disso, o voto daquele formulário passa a ser contabilizado para o filme que ele marcou na 2ª posição, ou na 3ª e assim por diante, considerando aqueles que ainda estão com chances de vencer.
Assim, quem realmente leva o prêmio é aquele filme que, eliminados todos os concorrentes até sobrarem apenas dois, leva a melhor na média. Dessa forma, quem tinha mais votos como 1ª opção, não necessariamente será o vencedor. Parece – e realmente é um pouco – complicado mas é uma análise estatística válida das respostas coletadas, mas que acaba premiando não o filme mais adorado pela maioria, e sim aquele que teve a melhor média.

Pedro D’Angelo é responsável pela área de Projetos e Relacionamento com o Cliente do Opinion Box, plataforma pioneira de pesquisa digital