A política brasileira como “piada de salão”

Bem Paraná

A propaganda eleitoral no rádio e TV para o primeiro turno das eleições de 2010 se encerra hoje e a conclusão que se chega depois desses um mês e meio de bombardeio é que o Brasil precisa urgente de uma reforma de fato da legislação eleitoral que contemple os interesses dos eleitores, e não dos políticos. Qualquer um que tenha a paciência ou a obrigação profissional de assistir ao horário político sabe que o modelo vigente está completamente esgotado, e serve hoje para rebaixar ainda mais a imagem já combalida da atividade política no País, do que para estabelecer um diálogo franco sobre ideias e projetos para o País e o Estado. O artificialismo vazio do debate político político herdado de um modelo de marketing oriundo ainda dos final dos aos 80, começo dos 90 chegou ao seu limite. Os próprios marqueteiros admitem que os blocos de programas fixos poderiam desaparecer e não fariam qualquer falta. Fato confirmado pela baixa audiência dos mesmos. E o que dizer do desfile de aberrações e bizarrices dos candidatos a deputado federal e estadual, repetindo os mesmos bordões esgarçados, rimas ridículas, ou tentando chamar a atenção em meio à miríade de aventureiros e para-quedistas que só afastam ainda mais o cidadão da discussão política? O problema é que uma reforma de fato, se depender dos políticos, jamais sairá, pois os que estão no poder não têm qualquer interesse de mudar esse panorama. O resultado é que a política, no Brasil, continuará sendo, como diria o profeta Delúbio Soares, uma piada de salão, para o prejuízo principalmente dos próprios eleitores.

Laranjas
Uma das aberrações que o sistema político brasileiro insiste em preservar é o das chamadas legendas de aluguel, que só aparecem em época de eleição. Na campanha deste ano, no Paraná, tivemos mais um exemplo desse tipo de situação, envolvendo o PRTB, partido acusado pelos dois lados de servir de laranja, que brigou com o próprio candidato ao governo, e exibiu um discurso esquizofrênico, hora atacando Osmar Dias (PDT), hora Beto Richa (PSDB).

Antecedentes
O PRTB, aliás, tem um histórico recente de polêmicas no Estado. Na eleição de 2008, o partido se envolveu no caso do Comitê da Liberdade, formado por candidatos dissidentes que apoiavam Beto Richa, e foram flagrados distribuindo dinheiro não registrado oficialmente na campanha de reeleição do tucano para prefeito.

Prioridades
Algumas das propostas apresentadas por nossos candidatos nesta campanha, na propaganda eleitoral, mostram bem a que ponto chegamos. Um quer construir a maior bíblia do mundo. O outro, que nem candidato é, mas passou a campanha inteira repetindo a mesma ladainha, quer creches para idosos e estádios cobertos para os torcedores.

Representante
Muita gente reclamou do fenômeno Tiririca em São Paulo. Mas o Paraná não fica atrás. Tivemos o Palhaço Torradinha (PSDC), para representar a classe dos humoristas.

Cursos & profissões
E uma miríade de candidatos do tipo Fulano da farmácia, Sicrano do Cachorro-Quente, Beltrana cabeleleira.

Renovação
Outra característica dessa eleição foi o desfile de herdeiros e parentes de políticos veteranos, alguns deles que enrolados na Justiça, lançaram filhos, mulheres em seu lugar. Mais um sintoma de que a tão pregada renovação vai ficar só na esperança de alguns, e no discurso de muitos.

Ladainha
Alguns dos slogans exibidos à exaustão na propaganda, que poderiam ser banidos, pois não significam nada: você me conhece, pela saúde, segurança e educação, sou ficha limpa, preciso do seu voto, eu já fiz, eu sei fazer, temos que pensar nas pessoas.

Tenso
Gustavo Fruet (PSDB), que poucos dias antes admitiu ser meio quietão, no último programa parecia meio ansioso, falando em um tom acima do que normalmente fala.  agradeceu a acolhida

O meu
Fruet, pelo menos, foi sincero. Disse que todo candidato tem um interesse particular. Eu também tenho o meu, afirmou.

Lexotan
Em um dos depoimentos veiculados no programa do tucano, um senhor definiu: votar no Gustavo é votar e dormir tranquilo

Na lata
Requião disse que despreza os falsos e dissimulados. Disse que o eleitor, assim como ele, prefere a franqueza.