A política como produto de marketing

Bem Paraná

Os marqueteiros gostam de dizer que candidato não é sabonete, no sentido de que a propaganda política não pode vender o político como um produto. A julgar pelo que se vê nas campanhas eleitorais, porém, não é bem assim. A propaganda política faz sim o uso de técnicas e linguagens muito semelhantes à publicidade comercial. Quem vê os programas do candidato do PSDB, ao governo, o ex-prefeito Beto Richa (PSDB), por exemplo, muitas vezes tem a sensação de que a qualquer momento ele vai falar: não desligue ainda, temos muito mais para você, no estilo daqueles apresentadores de programas de telemarketing da televisão. Até o gesto de oferecer o produto, no caso o programa de governo, como quem mostra uma caixa de sabão em pó ou um liquidificador o tucano esboçou, ontem, em seu espaço. Já o candidato do PDT, senador Osmar Dias, conhecido como uma pessoa carrancuda, de poucos sorrisos, vem buscando justamente o oposto, suavizar sua imagem, mostrando uma faceta mais emotiva. Foi o que se viu no programa da noite da última quarta-feira. Essa marketização das campanhas apenas confirma aquilo que já se sabe algum tempo: a disputa eleitoral no Brasil está cada vez mais despolitizada. Quase não se discute ideias. Fica muito mais aquela coisa de uma espécie de supermercado de promessas, ou então de mitificação dos candidatos, do que realmente discutir os problemas e as eventuais soluções para o País e o Estado.

Padrinhos
Ao contrário do primeiro programa, veiculado na tarde de quarta-feira, no da noite o presidenciável José Serra finalmente deu as caras e falou na propaganda de Beto Richa. Osmar, por sua vez, explorou mais as imagens e a fala de Lula pedindo voto para ele no comício da Boca.

Saúde
Novamente Serra falou de saúde. Disse que fez o melhor de programa contra AIDS do mundo e mostrou hospitais públicos em São Paulo de fazer inveja ao primeiro mundo. Pra não fugir do tema, o programa foi encerrado com uma paródia da música bate, bate, bate coração.

Pink

Na onda feminista (ou feminina) dos programas eleitorais, aparece Cida Borghetti (PP), mulher do candidato ao Senado Ricardo Barros. Com um charme peculiar, ela convida as mulheres a pintar o Paraná de rosa!

Pena
Rui Pimenta, do PCO, prega o socialismo. Quer um governo sem banqueiros, sem latifúndios, controlado pelos trabalhadores. Deve ser ele mesmo que escreve o texto do seu programa, pois é jornalista e editor.

Gerúndio

Dilma que mudar o Brasil sem sustos, sem conflitos, e, se possível, sem adversários. Ela disse que é preciso continuar construindo o país, seguir mudando e seguir investindo. Para fazer isso, ela vai estar pedindo o seu voto.

Pais e Filhos
Paulo Rosenmann, filho do ex-deputado Max Rosenmann, Pedro Guerra, filho do ex-deputado Alceni Guerra e Fabiano Elias filho de Vicente Elias. Todos querem suceder aos seus pais. Já a candidato Rubens Bueno, há vários anos sem mandato, está quase precisando dizer: sou o pai da vereadora Renata Bueno.

Influente
O deputado Lupion disse que pela 14ª vez foi escolhido como um dos parlamentares mais influentes da Câmara Federal. Talvez por isso ele tenha sido o único candidato que apareceu duas vezes no mesmo programa eleitoral.

Vez e voz
Os candidatos do PMN e do PSOL tiveram vez, mas não tiveram voz. Só as suas fotos foram colocadas nos programas dos seus respectivos partidos.

(Ri)mando
Mais dois candidatos rimadores: Bill, você nunca me viu e não dê as costas, vote em Nilton Costa.

Apareçam
Novamente só o presidente do PV, Melo Viana, falou no programa do partido. Disse que o partido tem o maior número de candidatos nestas eleições. Já a segunda vez que ele fala isso, mas os candidatos não aparecem. Eles devem estar verdes de raiva.

Plágio
Ângela Maria, não a cantora, sapecou no vídeo: Oi, oi gente querida, um beijo no seu coração. Será que pagou direitos autorais para o deputado Luiz Carlos Martins, que utiliza esta frase há vários anos?

Hã?
O PSTU defende a estatização do ensino privado. Pena que com a péssima qualidade do som do programa, ninguém conseguiu ouvir direito a proposta.

Crá!
E o que é aquela gralha apitando a cada intervalo do programa do PSOL?

Causa própria
Robinson de Paula (PRTB) diz que não quer ser mais um candidato, quer ser o seu governador. E apresenta como primeira promessa contratar policiais com salários dignos. O detalhe é que o candidato é oriundo da Polícia Militar.