Artificialismo publicitário em um vazio de ideias

Bem Paraná

Passado quase um mês do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, não se viu até agora nenhuma inovação nas campanhas de 2010. O marketing político brasileiro parece ter estacionado nos anos 90. O mesmo artificialismo publicitário que vende os candidatos como produtos, embalando ideias e promessas de forma superficial, transformando a eleição muito mais em uma escolha baseada em emoções baratas do que em um exercício consciente de cidadania. Os candidatos acenam com um mundo perfeito, que só existe na propaganda, absolutamente distante da realidade cotidiana do País. Promete-se mundos e fundos, sem dizer de onde sairá o dinheiro, já que a capacidade de investimento do poder público brasileiro é cada vez menor, afogado em uma burocracia cara e ineficiente, onde cargos de confiança são ocupados por cabos eleitorais muitas vezes sem qualquer qualificação para as funções para as quais são nomeados. E o eleitor, inebriado pelo espetáculo midiático, assiste a tudo apático e alheio, alimentando a esperança de que as mudanças sempre anunciadas e esquecidas finalmente aconteçam.

Balanço
Tentando superar o hermetismo e a monotonia de seu discurso, o PV de Marina Silva usa uma paródia do sucesso de Alceu Valença, Morena tropicana, como jingle. O duro é que fora o jingle, todo o resto na campanha dos verdes parece verde demais para entusiasmar o eleitor.

Colado
Osmar voltou a usar Lula em seu programa, desta vez em conversa editada. E também afirmou que já acertou com Dilma a recomposição das dívidas que atingem metade dos produtores rurais.

Descrença
Na conversa com Lula, Osmar brinca com a indisposição de certos setores do agronegócio com o PT. Lembra que o governo petista alocou oito vezes mais recursos para a agricultura familiar do que o governo anterior. E que quando ele diz isso, alguns agricultores questionam: mas o Lula? O PT?

Boi na linha
Franco-atirador, o pequeno PSol partiu para o ataque contra os dois principais candidatos ao governo. Veiculou quadro em que uma garota simula um telefonema para Osmar e um rapaz para Beto Richa. No caso do pedetista, ironiza a declaração dele de que levou um ano e meio para chamar os novos aliados de companheiros. No do tucano, questiona se é verdade que em sua carteira de trabalho não há nenhum registro. Em ambos os casos, o telefone é desligado.

No fígado
Outro nanico, o PRTB foi na jugular de Beto Richa. Questiona o não cumprimento da promessa de ficar quatro anos na prefeitura caso reeleito. Estão querendo usar seu voto de novo. Olha o conto do vigário. Não jogue seu voto no lixo.

Carola
Richa está com um discurso cada vez mais parecido com o de um líder religioso. Exibiu trecho do encerramento do debate no qual faz um agradecimento ao eleitor por conta da recepção da mensagem de fé e de esperança no novo Paraná que ele estaria apresentado nessa campanha.

Antecedentes
No trecho, o tucano pede o voto de confiança do eleitor e promete não vou decepcioná-los. Resta saber se for eleito, pretende cumprir os quatro anos de mandato.

Salto alto
Mesmo depois da queda nas pesquisas e da ascensão de Osmar Dias, amparado na popularidade de Lula, Richa continua desdenhando da importância do apoio do presidente e do governo federal ao adversário. O Paraná não precisa de conselhos do Brasil, disse.

Juniores
Alvaro Júnior (PV) pôs um boneco para pedir voto para ele. Já Lindolfo Júnior (PTC) diz que acabou com a aposentadoria dos deputados. Mesmo assim quer voltar a ser um.

Rebeldes
Carlão (PT) diz que sua candidatura é pra você que está insatisfeito. Cicero Sampaio Arruda (PMDB) prega: chega de reeleger os que estão no poder. Curiosamente, ele é do PMDB, partido que governa o Estado.

Contradição
Gomyde (PCdoB) diz que nunca trocou de partido. Mas trocou de lado. Em 2008, apoiou Beto Richa.

Volume
Neri (PP) se apresenta como o Tigrão. Pelo modo como fala, também poderia ser o gritão.