O candidato do PSDB, Beto Richa, abandonou de vez desde a semana passada a campanha propositiva e partiu para o ataque contra o adversário, Osmar Dias (PDT). Exibiu gravações antigas de Roberto Requião (PMDB) criticando Osmar e questionou a aliança entre os dois nesta eleição. Também reprisou acusações já levantadas em debates, de que o pedetista teria feito propostas para reduzir direitos trabalhistas. Após levar ao ar as acusações no programa da quarta-feira à noite, porém, a maior parte dos ataques foi direcionado para as inserções que vão ao ar ao longo da programação. A explicação é simples: as inserções são mais eficazes porque pegam o telespectador ou ouvinte no contrapé, desavisado, ao contrário dos programas fixos, que muitos não assistem. Como Richa bloqueou todas as pesquisas na Justiça, ainda não há como saber qual o efeito dos ataques. Mas a mudança brusca de comportamento do tucano pode surtir efeito contrário, e aumentar sua rejeição junto ao eleitorado, acostumado a ver Richa até então posar de candidato paz e amor. Além disso, existe o chamado efeito joão bobo, segundo o qual os ataques, ainda mais em reta final de campanha, acabam voltando ao candidato, já que a população compreende que denúncias de última hora em período eleitoral não tem credibilidade.
Crueldade
Já na noite de sexta-feira, Osmar Dias levou ao ar programa rebatendo os ataques do adversário. O bom rapaz sai de cena, ironizou o pedetista, acusando o tucano de ser capaz da mais cruel das ofensas, endereçada a família do adversário.
Confusão
Osmar também lembrou que Richa bloqueou todas as pesquisas que seriam divulgadas na semana passada. E classificou o ato de desrespeito a liberdade de informação. Também apontou que o tucano disparou emails com uma pesquisa inventada para confundir a população.
Sobrenome
Não considero um pobre moço, mas jovem mal orientado e sem o preparo que o momento requer, disse o pedetista, afirmando porém, que a nova fase da campanha do candidato do PSDB não faz jus ao seu sobrenome. Osmar lembrou que deve a José Richa e ao irmão, Alvaro Dias, a entrada na vida pública.
Edição
Osmar também exibiu ontem trecho do comício do Sítio Cercado, em Curitiba com o presidente Lula. Já o depoimento do irmão Alvaro Dias declarando voto a ele não foi reprisado mais, muito provavelmente por impedimento da lei eleitoral, já que Alvaro integra o PSDB, partido do adversário.
Trégua
Richa perdeu as inserções a que tinha direito na propaganda por usar o espaço destinado aos candidatos a deputado e senador para fazer ataques a Osmar Dias. Ontem à tarde, recolheu as armas e limitou-se a reprisar programa já exibido anteriormente sobre o combate às drogas.
Enquadrado
A estratégia de Richa de usar as inserções e não o programa para atacar Osmar Dias também tem outra explicação. É uma forma de tentar evitar que o eleitor identifique a autoria dos ataques. O problema é que a Justiça Eleitoral já identificou e puniu essa artimanha.
Crise de identidade
Robinson de Paula (PRTB) garantiu ontem que não é laranja e que não vai vender a sua voz para atacar outros candidatos. Em seguida, porém, afirma que não vai atrás de Dilma porque a última pessoa que entrou pela cozinha dela foi a Erenice Guerra, em clara referência a declarações de Osmar Dias. Ou seja, fala uma coisa, e faz outra.
Quietão
Gustavo Fruet (PSDB) chamou os telespectadores ontem para um papo amigo. Contou em quem casa é chamado de Guga e admitiu que tem um estilo discreto, quietão. Mas garantiu que fala para valer quando é preciso. Já provei que esse meu jeitão funciona. Vamos acabar com a ideia de que só malandro se dá bem no nosso país, prega.
Candidato família
Já Ricardo Barros (PP) investe cada vez mais no discurso conservador de recuperar os valores da família. Ontem, relatou enquete da Gazeta do Povo que questionou os candidatos ao Senado sobre questões polêmicas como descriminalização do aborto, do uso de drogas e regulamentação da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Disse que foi o único a se declarar contrário a todos os itens, enquanto Requião, Gleisi Hoffmann (PT) e Fruet teriam admitido aprovar a última proposta.