Medo da derrota derruba máscaras

Bem Paraná

O temor de uma iminente e cada vez mais provável derrota derrubou de vez a máscara de bom moço de Beto Richa (PSDB). Além de passar o recibo tentando impugnar as mesmas pesquisas que antes ele alardeava na propaganda eleitoral no rádio e na TV quando estava na frente, o tucano também deu uma guinada em seus programas. Na TV, tentou desfazer o mal-estar gerado por ter chamado professores que apoiam o adversário de laranjas podres negando o que disse, e colocando até a mãe, Arlete Richa, também professora, para alegar que jamais ofenderia a classe. Mas foi no rádio que a transmutação do outrora candidato que não fazia campanha com ataques, só com propostas se completou. No programa de ontem, partiu para cima de Osmar Dias (PDT) com direito até a ataques envolvendo a família do adversário. Outrora, Richa diria que esse tipo de atitude é sintoma de desespero. Nesse ponto, o tucano está coberto de razão. Só que agora que o feitiço virou contra o feiticeiro, vai ser difícil voltar ao figurino anterior.

Tiro no pé
A guinada de Richa rumo ao ataque pode surtir efeito contrário. Depois de décadas interpretando o personagem de político que só faz propostas, a mudança repentina, às vésperas da eleição, poderá ser facilmente recebida pelo eleitor como falta de coerência, e desespero, como ele mesmo dizia até pouco tempo. Além de confirmar as especulações de que o adversário teria lhe ultrapassado nas pesquisas, que agora ele tenta barrar a todo custo.

Álibi
No programa de TV, Richa começou alegando que estaria correndo um boato maldoso de que ele teria desrespeitado os professores estaduais. Isso é mentira. O que aconteceu é que em uma reunião eu me referi a pessoas de cargos comissionados a serviço do meu adversário, e que promoviam calúnias a meu respeito entre os professores, alegou. Não acredite que eu seja capaz de ofender quem eu sempre respeitei. Jamais ofenderia a minha mãe Arlete também professora, disse.

Coincidências
O nanico Robinson de Paula (PRTB) – cassado pelo próprio partido – alega que brigou com a direção da legenda porque não queria ser usado para bater em Beto Richa. Mas no programa de ontem, foi Osmar Dias quem ele atacou. Coincidentemente, o mesmo Robinson foi autor ontem de um pedido de impugnação da pesquisa Ibope. Isso apesar de nunca ter pontuado em nenhuma pesquisa, e de não ter contestado nenhum dos levantamentos anteriores em que Beto Richa aparecia na frente.

Dupla personalidade
Já no programa dos candidatos a deputado do mesmo PRTB, o alvo foi Beto Richa. O partido questionou a falta de solução para a destinação do lixo na Capital. Já imaginou Curitiba virando grande lixão. Não jogue seu voto no lixo, questionou a legenda.

Número
O programa de Osmar Dias passou desde ontem a dar destaque à divulgação do número de sua candidatura. O 12 apareceu durante todo o programa, em quadros variados. No final, foram exibidos 12 motivos para votar em Osmar, como forma de fixar o número.

Por inteiro
Osmar também explorou ontem trechos do debate na RIC TV da última segunda-feira. E em contraponto ao visível nervosismo do adversário, procurou demonstrar tranquilidade nas respostas, destacando que ao contrário do tucano, não faz nada pela metade.

Lixo
Em outra alfinetada na administração Richa na Capital feita no debate, Osmar lembrou que o rio Iguaçu recebe hoje resíduos tóxicos do aterro da Caximba, aquele que ameaça explodir, já que a prefeitura não conseguiu encontrar alternativa para depositar os resíduos de Curitiba.

Saúde
Candidato ao Senado, o ex-governador Roberto Requião (PMDB) procurou ontem destacar os investimentos do Estado na área de saúde na Capital. Disse que foram investidos R$ 400 milhões em seu governo, em obras como construção e reformas de hospitais e postos de saúde.

Sucessor
Requião lembrou ainda que anistiou uma dívida de R$ 400 milhões da prefeitura. E assinou convênio para financiamento de R$ 50 milhões para o (Luciano) Ducci, que está substituindo o prefeito. Curitiba está no nosso coração, mas também na nossa prática, concluiu.

Ninguém tasca

Além de Ricardo Barros, outro candidato ao Senado da coligação de Beto Richa, Gustavo Fruet também não cedeu espaço para o candidato ao governo do PSDB em seu programa. Nem fez menção de ataques a Osmar Dias. Manteve as críticas ao governo Requião, que disse ter perdido tempo precioso, paralisado por disputas mesquinhas.