É sempre assim. A campanha começa com todo mundo posando de bom moço. Com o tempo passando, e as eleições se aproximando, os discursos de campanha propositiva são paulatinamente abandonados, principalmente quando o candidato vislumbra a derrota iminente. Beto Richa é um exemplo perfeito desta transmutação eleitoral. A medida que o adversário foi ganhando terreno, o tucano começou a transmitir cada vez mais críticas, diretas ou indiretas, em seu programa. Ontem surgiu a notícia de uma crise interna na campanha do PSDB. O motivo: a intenção de usar o horário destinado aos candidatos ao Senado para ataques a Osmar Dias (PDT). Trata-se de uma estratégia manjada. Para não contaminar o candidato ao governo com a provável rejeição que os ataques trariam, terceiriza-se as peças mais agressivas, alocando-as em outros espaços. Assim, atinge-se o adversário, e o verdadeiro autor das críticas faz de conta que não tem nada com isso. Mais um sinal de que os ventos da eleição no Paraná estão mudando, e rapidamente. O eleitor que fique esperto, porque nessa reta final, o vale-tudo começa a prevalecer.
Ladainha
José Serra voltou ontem à carga, explorando desta vez pessoalmente o caso envolvendo a sucessora de Dilma Rousseff, Erenice Guerra, que deixou a Casa Civil após acusação de tráfico de influência e cobrança de propina. Disse que mais uma vez, escândalos envolvem o governo federal, e a reação dos envolvidos é de não vi nada, não é comigo, invenção da imprensa.
Exemplo
Para tentar dourar a pílula dos ataques, Serra buscou um tom mais emocional. Disse que o problema da política brasileira é de caráter. Qual o Brasil que nós queremos deixar para os nossos filhos ?. Que exemplo nossas crianças e jovens estão recebendo com esses casos de corrupção que aparecem todos os dias?, questionou.
Do bem
O tucano admitiu que a economia melhorou, mas relativizou: os bens materias são importantes sem dúvida nenhuma, mas o caráter, a honestidade estão acima de tudo. É isso que está em jogo nesta eleição. Eu defendo o Brasil do bem, garantiu.
Mínimo
O programa do candidato do PSDB também continua repisando a promessa de aumento do salário mínimo para R$ 600,00. Lembrou que o governo paga R$ 160 bilhões de juros, a maior parte para os ricos, e disse que aí tem dinheiro para pagar o aumento.
Humano
Serra voltou a lembrar que seu pai era vendedor de frutas. E que com seis, sete anos, começou a aprender a montar a barraca, e a vender laranja. Nenhuma referência aos aliados que estão laranjando.
Terceira idade
Serra também apelou para os idosos. Prometeu aumento de 10% nos valores das aposentadorias já em 2011, o dobro do que o atual governo quer dar.
Carteirinha
No final do programa, os tucanos exibiram discurso de Serra, na qual ele diz que o País que ele sonha, é o que o sucesso será obtido com a matrícula em uma boa escola pública, e não a carteirinha de um partido.
Patriota
Em mais um momento emoções, o programa foi encerrado com o candidato do PSDB declamando trecho do hino nacional.
Tchau, tchau
A pouco mais de uma semana do final da propaganda política na TV, o nanico Levy Fidélix (PRTB) já está em clima de despedida. Disse que fez sua parte, beijou a bandeira e pediu voto. A minha voz eu fiz ouvir, disse, com o mesmo tom histriônico exibido ao longo da campanha.
Auto-ajuda
O PV apresenta Marina Silva como uma das cinquenta pessoas que podem salvar o Planeta. Pena que não foi suficiente para salvar a candidatura.
Tô fora
Falando sobre sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, Marina contou que quando seu trabalho começou a ser ameaçado pela ideia de crescer a qualquer custo, preferiu deixar o cargo.
Ufanismo
Enquanto Serra e Marina tentam superar a nova onda Lula, Dilma continua surfando na propaganda do Brasil grande. Citou pesquisa do IBGE para afirmar que a vida dos brasileiros melhorou mesmo no cenário de crise, que em outros tempos, teria quebrado a economia do País.
Repatriados
Em outro quadro, Dilma exibiu entrevista com um casal de brasileiros que tentou a sorte no Japão, mas voltou ao Brasil recentemente. O Brasil estava quebrado quando saí, conta o rapaz, que hoje trabalha em um estaleiro.