Aquela sensação de eterno dejà vu no programa eleitoral

Bem Paraná

Quem assiste aos programas eleitorais dos candidatos às eleições de 2014 no Paraná tem uma imensa sensação de dejà vu – expressão francesa que designa aquela impressão de que você já esteve naquele lugar antes ou já viu aquelas pessoas. Afinal está lá Roberto Requião (PMDB), que há 24 anos disputava o governo do Estado pela primeira vez com José Richa, pai do atual governador Beto Richa (PSDB). E Álvaro Dias (PSDB), senador que disputa o quarto mandato, e que ontem não por acaso exibiu imagens de suas propagandas políticas dos anos 80, com destaque para o comício das Diretas na Boca Maldita em janeiro de 1984. Ou Aécio Neves (PSDB) – neto do ex-presidente Tancredo Neves – se referindo ao mesmo comício durante caminhada na boca, na atual campanha. Isso sem falar no desfile de herdeiros de famílias de políticos tradicionais entre os candidatos a deputado federal e estadual, evidenciando que mesmo quando há uma suposta renovação, ela vem para nada mudar. A impressão é de que a política brasileira em geral, e paranaense em particular vive em um mundo próprio, um eterno looping que começa e acaba no mesmo ponto, enquanto o eleitor assiste aquilo de longe, cada vez mais descrente de que possa haver mudanças e avanços reais.

Esta é sua vida
Com longos oito minutos em cada um dos dois blocos diários na televisão, o programa de Beto Richa começou explorando personagens reais e histórias de pessoas comuns, no caso uma gestante atendida pelo programa Mãe Paranaense.

Números para que te quero
Os números podem até não mentir, como diz o ditado, mas podem ser interpretados de acordo com o gosto do freguês. Richa destacou os resultados do Datafolha para dizer que pode vencer no primeiro turno. Requião usou os mesmos dados para garantir que está empatado com o tucano e em ascensão.

Conectado
A influência cada vez maior das redes sociais da internet pode ser sentida com mais força nessa campanha. A propaganda de Richa explora o tempo todo referências a likes), e links para as páginas do candidato no twitter e no facebook.

Caipira
Se nos programas dos presidenciáveis, o forró é o ritmo musical mais presente, na propaganda dos candidatos paranaenses é o sertanejo que ganha mais espaço. E quem soube aproveitar mais isso foi Requião, com seu jingle taca-lhe pau, cantando por um grupo de música regional gaúcha que na verdade é de Santa Catarina, inspirando em um vídeo viral da internet.

Receita
O candidato ao governo Geonísio Marinho (PRTB) conta em seu programa que fundou uma rede de farmácias e passou a ter como hobby corridas de longa distância, tendo já feito 27 maratonas. Tudo isso depois de um infarto.

Matadouro
A medalha tirada do dia vai para o candidato do PRP ao Senado, Mauri Viana: o Paraná manda uma boiada pra Brasília e recebe em retorno um bife.

Zé bonitinho
O troféu modéstia vai para Batista de Pilar, autodenominado um poeta no parlamento, o bonitinho da mamãe.

Lugar errado
Candidato à reeleição, o deputado Jonas Guimarães (PMDB) destaca como uma das grandes conquistas de seu mandato a duplicação da PR 323, na região Noroeste do Estado. O detalhe é que a obra deve ser feita através de uma concessão do governo para a empreiteira Odebrecht, em troca da exploração do pedágio na rodovia. E Guimarães concorre pelo PMDB, cujo candidato ao governo, Roberto Requião, é contra não só o pedágio, como contra as novas concessões.

Incômodo
Se incomodar era a intenção do PSOL com sua propaganda embalada em um som desconstruído e cheio de estática, o partido conseguiu. É o único programa em que o espectador é obrigado a abaixar o volume.

Mais do mesmo
A propaganda de Gleisi Hoffmann (PT) parece mais um verdadeiro catálogo de clichês de manual de marketing político-eleitoral. Musiquinha pop pegajosa com refrão grudento, crianças correndo, pessoas dançando e cantando. Para encerrar, crianças soltando bolinhas de sabão. Tudo muito fofo, bonitinho e excessivamente produzido.

Hit
O bruxo Chik Jeitoso apelou para uma paródia do hit oitentista Tic Tic Nervoso, da banda Magazine para tentar gravar seu nome na cabeça dos telespectadores: Eu vou votar no Chik Chik Jeitoso, brindou o candidato a deputado.